Porque parece que temos mais acne durante a quarentena?

Woman taking care of her skin
[Fotografia: Istock]

Borbulhas e pontos negros no rosto parecem estar a aumentar neste tempo de quarentena e isolamento social. Mas o que se passa para estarmos a reparar num suposto aumento da acne num tempo em que se está mais em casa devido ao Covid-19: estamos todos mais atentos ou há mesmo alterações dermatológicas em curso?

“Provavelmente as duas”, responde João Maia Silva. O dermatologista lembra que todos os fatores que fazem variar a presença de gordura na pele “são todos os mesmos que podem mudar no decorrer da quarentena”.

“A qualidade e a quantidade de sebo é modulada por muitos fatores. Os mais conhecidos são os hormonais, mas existem muitos outros, tais como, hábitos de higiene, rotinas de aplicação de cremes e de maquilhagem, alimentação mais calórica, exposição a diferentes ambientes – temperatura, humidade, etc -, exposição solar, estado emocional, entre outros”, enumera o médico do Hospital CUF Descobertas e da Clínica CUF Alvalade. E reitera: “Se olharmos com atenção, são todos fatores que podem mudar no decorrer da quarentena. E se a mudança das características do sebo o tornar mais predisposto a ficar retido dentro das glândulas, aí teremos os pontos negros.”

Ao Delas.pt, o dermatologista alerta ainda para outros efeitos da quarentena na pele. “Além dos pontos negros, também as lesões de acne inflamatório podem surgir. Aí temos uma “oportunidade ambiental”. Se o tipo de sebo que se passou a produzir for propício ao crescimento de bactérias, então teremos lesões de acne inflamatório”, explica.

As recomendações passam por, refere o especialista, “reequilibrar a pele no sentido de não existirem condições para a retenção de sebo, nem a proliferação de bactérias”. Entre os rituais, é importante “lavar a face diariamente com produtos para peles acneicas, aplicar emulsões pobres em gordura, não traumatizar as borbulhas com as unhas, ter cuidado com a alimentação e beber muita água”.

João Maia Silva recomenda ainda que não se interrompam “eventuais tratamentos para as borbulhas que passam já estar a fazer, sob risco de ocorrer agravamento, e não desvalorizar”. O dermatologista pede que “antes que agrave, antes de desenvolver necessidade de terapêuticas mais elaboradas, antes que surjam cicatrizes, deve-se procurar a opinião de um dermatologista. Durante a pandemia idealmente por teleconsulta”.

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