Princesa Leonor de branco para assumir “vocação” para rainha de Espanha e lembra mãe há 20 anos

Letizia leonor
Letizia Ortiz a 6 de novembro de 2003, aquando do anúncio do noivado com príncipe Felipe, então futuro rei de Espanha, Princesa Leonor a 31 de outubro de 2023 no juramento da Constituição Espanhola [Fotografia: Montagem Arquivo Global Imagens e JAVIER SORIANO / AFP]

De blazer branco assertoado e calças. Esta foi a escolha feita pela princesa Leonor para fazer o juramento da Constituição espanhola, esta terça-feira, 31 de outubro.

Uma cerimónia carregada de simbolismo para o país, uma vez que a herdeira da coroa assume vocação para ser futura Rainha de Espanha no momento em que completa 18 anos.

Princesa Leonor na cerimónia de juramento da Constituição espanhola [Fotografia: JAVIER SORIANO / AFP]
Princesa Leonor na cerimónia de juramento da Constituição espanhola [Fotografia: JAVIER SORIANO / AFP]
Princesa Leonor na cerimónia de juramento da Constituição espanhola [Fotografia: JAVIER SORIANO / AFP]
 

A escolha do branco por parte da princesa Leonor carrega também outros significados. Afinal, há precisamente 20 anos, Letizia Ortiz e o então príncipe Felipe herdeiro da coroa espanhola – então nas mãos de Juan Carlos – anunciava o noivado com opção semelhante, fato calça-casaco branco, apenas diferindo no corte. Quer Leonor agora, quer Letizia em 2003 assumiam eventual compromisso em tornarem-se rainhas de Espanha.

 

Letizia Ortiz Rocasolano, noiva do principe de Espanha, Felipe Borbon, no dia do anúncio de noivado, 6 de novembro de 2003 [Fotografia: Victoria Cherquis/Arquivo Global Imagens]
Letizia Ortiz Rocasolano, noiva do principe de Espanha, Felipe Borbon, no dia do anúncio de noivado, 6 de novembro de 2003 [Fotografia: Victoria Cherquis/Arquivo Global Imagens]
 

Segundo avança a revsita espanhola Hola, a escolha de Leonor foi feita por medida pela Sastreria Serna, loja especializada em alfaiataria militar e que também tinha já sido responsável pelo uniforme com o qual Felipe VI se casou com Letizia, a 22 de maio de 2004. Nos pés. Leonor usou a marca espanhola de calçado Lodi com uma opção de tacão quadrado, aberto na lateral e de altura média.

A cerimónia do juramento da Constituição, como disse recentemente o ministro da Presidência do Governo espanhol, o socialista Félix Bolãnos, tem uma “enorme carga simbólica e jurídica” porque Leonor de Borbón assume assim a sua disponibilidade “e vocação” para um dia ser chefe de Estado, assegurando desta forma a continuidade da Coroa, “uma instituição absolutamente central” da democracia de Espanha.

Esta é a segunda vez na democracia espanhola que há este juramento, depois de o pai de Leonor, Felipe de Borbón, ter feito o mesmo em 1986. Nesse ano, o então príncipe de Astúrias jurou respeitar uma Constituição aprovada num referendo popular que tinha menos de dez anos, que estabeleceu a monarquia parlamentar em Espanha e que tinha saído da designada “transição espanhola” da ditadura para a democracia, após a morte do ditador Francisco Franco, em 1975.

Constituição ainda dá vantagem dos homens sobre
as mulheres na herança da coroa

Se chegar à chefia do Estado, Leonor de Borbón será a primeira mulher a assumir o cargo em mais de 150 anos, mas jurará fidelidade a uma constituição que mantém a vantagem dos homens sobre as mulheres nos direitos de herança da Coroa.

Num país tão identificado com o feminismo, é consensual a necessidade de mudar esta regra na Constituição espanhola, com os analistas a preverem que nesse momento haverá em Espanha um debate sobre a instituição da monarquia.

O juramento de Leonor de Borbón é igual ao que fez o seu pai em 1986, mas o parlamento a quem se dirige é agora bem diferente e com ausências assinaláveis. A herdeira ao trono dirige-se a uma Espanha que agora atravessa um momento político marcado pelo protagonismo de partidos nacionalistas e independentistas e onde, na última década, ganharam lugar e espaço forças extremistas, tanto de esquerda como de direita.

Na sessão especial das Cortes (Senado e Congresso dos Deputados) não estiveram, por isso, presentes os deputados dos partidos da Catalunha, da Galiza e do País Basco nem os presidentes dos governos autónomos catalão e basco. Entre as ausências anunciadas estavam também deputados e outros membros das formações de esquerda que integram a plataforma Unidas Podemos, incluindo três ministros, que são republicanos e olham para a instituição monárquica com sendo anacrónica.

À cerimónia no parlamento, seguir-se-á uma outra no Palácio Real, também em Madrid, em que será entregue a Leonor de Borbón, por decisão do Governo, o Colar da Ordem de Carlos III, a mais alta condecoração concedida pelo estado espanhol.

Fora das cerimónias públicas estará o rei emérito de Espanha, Juan Carlos I, que abdicou da Coroa em 2014 e vive nos Emirados Árabes Unidos por causa dos casos de corrupção e outras polémicas em que se viu envolvido. Juan Carlos I viajará hoje, porém, para Madrid, mas para estar, à tarde, numa celebração privada e familiar dos 18 anos da neta.

O aniversário da princesa poderá ainda ser celebrado nas ruas de Madrid, onde foram instalados ecrãs gigantes para seguir as cerimónias públicas e os cortejos. Artérias centrais da cidade estão também engalanadas com bandeiras e faixas com a cara de Leonor de Borbón.

 

Com Lusa