Publicidade Continue a leitura a seguir

Regras e limites para mostrar os filhos na televisão e na net

Percorra a galeria e veja o que especialistas, técnicos e mães e pais com blogues defendem como sendo os limites recomendáveis sobre a exposição dos filhos no espaço público, na televisão, mas também nas redes sociais. [Fotografia: Shutterstock]
Intimidade, privacidade e a casa da família: Para António José Fialho, juiz do Tribunal de Família do Barreiro, “o limite deve ser objetivamente o da privacidade da família, o que se passa dentro da porta de casa”. O magistrado vinca que “as crianças em ambiente escolar ou em casa de amigos, por exemplo, comportam-se de forma diferente quando estão na esfera privada e essa tem de ser respeitada”. [Fotografia: Shutterstock]
Atenção ao tipo de situação e intimidade: O pediatra Mário Cordeiro considera que os pais devem parar de partilhar imagens dos filhos nas redes sociais e em blogues a partir do momento em “que entrem na intimidade”, indo ao encontro do que António José Fialho tinha já avançado. Para o médico “tudo o que possa ser usado contra a criança ou que deslustre ou possa vir a deslustrar a sua imagem, confiança e conceito, na sua perspetiva ou na dos outros, é errado”. [Fotografia: Global Imagens]
Momentos pejorativos devem ficar de fora: “Expor a criança nos seus aspetos mais negativos, que podem estar a passar um momento mau, é muito perigoso. Já alguém se lembrou que a criança pode ter um problema qualquer?”, interroga Dulce Rocha, procuradora e presidente executiva do Instituo de Apoio à Criança. [Fotografia: Global Imagens]
Idade: “Quando os filhos entram para o ciclo, a partir do quinto ano, deixam de ter só uma professora, entram na puberdade, ganham uma nova esfera social, deixam de ser apenas controláveis pelos pais”, refere João Miguel Tavares. Autor do blogue Pais de Quatro, o colunista e comentador diz que cumpriu essa regra, passando a conversar e negociar com a descendência o que pode ou não partilhar. O blogger não nota que os colegas dos seus filhos usem a informação constante na plataforma para poder denegrir a imagem destes. “Os meus filhos gostam imenso de ser ver quando eram mais pequenos, o blogue tem esse sentimento nostálgico”, diz Tavares. Quanto aos outros, “posso imaginar que isso aconteça, mas quem é que anda a pesquisar. E se andar, isso importa como? Foi há tantos anos”. [Fotografia: Global Imagens]
Não à exploração, direito ao esquecimento e o bonus pater familias: Especialista na proteção de dados e de privacidade no mundo da Internet, Elsa Veloso vinca que todo o uso dos pais sobre os direitos dos filhos e que represente margem para a exploração – monetária incluída – deve ser anulado. “Os pais não podem dispor da vida dos filhos para fazerem exploração indevida”, refere. Devem também refrear partilhas na Web sobre “defeitos” das crianças até porque, refere esta advogada, “podem causar danos irreversíveis e não apagáveis (violar o direito ao esquecimento) na vida futura da criança”. Pede-se, por isso, que se use da responsabilidade e do bom senso caraterísticos do bom pai de família, bonus pater famílias em latim. [Fotografia: Global Imagens]
Aceitação, conversa e poupança: Para Catarina Beato, o programa da SIC, agora suspenso, “abriu uma discussão necessária”, mas crê que aquela realidade “em nada é comparável aos blogues sobre os filhos”. Autora de Dias de Uma Princesa, refere ao Delas.pt: “As pessoas conhecem a imagem dos meus filhos, mas não os conhecem verdadeiramente, sinto que esse é o limite e no qual me sinto confortável.” E conta sempre com a decisão da descendência. “Em relação à utilização e à exibição dos filhos, a minha regra número um passa por nunca os violentar (fazer fotos que não querem, por exemplo); a regra número dois é a de usar o meu bom senso”, diz a blogger. Sobre as oportunidades de rendimento que uma plataforma desta natureza pode proporcionar, Catarina Beato diz ter as contas acertadas: “Tenho as minhas poupanças para que eles percebam que se alguma vez deram valor acrescentado à mãe – sem que isso tenha sido uma obrigatoriedade -, que sejam também beneficiários.” [Fotografia: DR/Dias de Uma Princesa]

Publicidade Continue a leitura a seguir

Fotografias de ecografias, crianças em fato de banho, meninos e meninas lambuzados, desdentados ou mesmo uma ou outra imagem do menor desfigurado de tanto chorar… Situações como estas sempre fizeram parte dos álbuns de família, com capacidade para promover ora o saudosismo, ora a comoção.

No entanto, há anos que imagens desta natureza convivem a par com outras de momentos bonitos, elogiosos e talentosos protagonizados por crianças e partilhados pelos pais no Facebook, no Instagram e outras e, por vezes, em blogues criados especialmente para o efeito e a partir dos quais se podem retirar, frequentemente, rendimentos económicos.

Numa altura em que a discussão em torno dos limites dos progenitores sobre o uso dos direitos à imagem, à privacidade e à intimidade dos filhos volta a estar ao rubrodevido ao programa da SIC SuperNanny (que acabou suspenso na sexta-feira, 26 de janeiro) -, é tempo de ouvir especialistas para perceber quais são, afinal, as fronteiras. Sobretudo quando se fala em blogues sobre família, muitos deles geradores de rendimentos.


Divórcio: Já há pais a definir regras para gestão da imagem dos filhos nas redes sociais


Um juiz, um médico, uma procuradora, progenitores com blogues sobre filhos, uma jurista e especialistas em direitos à privacidade na Internet respondem se há ou não mal partilhar retratos e episódios íntimos para o mundo inteiro conhecer. E deixam uma dica valiosa: até onde isso pode ser feito.

Longe de um consenso, na galeria acima encontrará regras até bastante distintas entre si trazidas ora pelo bom senso, ora pela justiça e até pela saúde. Há também limites deixados por quem faz – e já fez – da vida familiar uma forma de comunicar com o mundo, através de blogues.

Imagem de destaque: Shutterstock

Portugueses revoltados com reality show “SuperNanny”