‘Rocket woman’. Há cada vez mais mulheres na NASA

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Fotografia: Shutterstock

Em 1972, Elton John lançou um dos seus maiores êxitos: ‘Rocket Man’, canção cuja letra é inspirada no conto de Ray Bradbury, sobre um astronauta e a sua família. Se fosse hoje, a música poderia ser antes sobre uma ‘rocket woman’, dado que a presença de mulheres nas ciências aeroespaciais é cada vez maior, correspondendo já uma representação de 30% na NASA.

Quem o garante é a cientista brasileira Rosaly Lopes, que trabalha como investigadora sénior no Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA em Pasadena, Califórnia, em entrevista à Lusa, a investigadora diz que há “uma onda de mulheres” a entrarem na área das ciências planetárias.

“Realmente estamos vendo uma onda de mulheres jovens entrando nessa área. Agora quase que não se nota muita diferença em ciências planetárias”, disse a investigadora, contabilizando em 30% a percentagem de cientistas femininas nesta área na NASA.”Quando comecei tinha muito poucas”, recorda numa entrevista concedida à margem da 42ª Assembleia do Comité para a Investigação Espacial (COSPAR, na sigla inglesa), que decorre em Pasadena até domingo, 22 de julho, e da qual é vice-presidente do programa científico.

Rosaly Lopes, que se doutorou em geologia e vulcanologia planetária em 1986, refere, no entanto, que o mesmo não se passa em astrofísica e que, nas áreas técnicas e de engenharia, a percentagem de mulheres é inferior. A investigadora nota que este campo “é um pouco mais difícil que em ciências planetárias”, por ser uma área que ainda vai demorar algum tempo para mudar, no que toca à entrada de mais mulheres.

Nas áreas em que já estão representadas e cientista acredita que haverá uma rápida progressão, em termos de carreira. Rosaly Lopes, até há pouco tempo ela própria diretora da sessão planetária no JPL, revela que há algumas mulheres a ocupar posições de relevo no laboratório da agência espacial norte-americana, tais como assistentes técnicas do diretor.

“Acho que, no futuro, vamos ter talvez uma mulher diretora do laboratório.”

A importância do exemplo

Mostrar os exemplos de sucesso feminino, nesta área, é importante para aumentar o número de mulheres que pretendem investir em carreiras científicas, acredita Rosaly Lopes, que cita os bons resultados do programa de educação de Sally Ride, astronauta norte-americana que criou um plano de educação para adolescentes.

“É importante para as mulheres verem que existem outras mulheres trabalhando nessas áreas.”

No seu caso, diz ter sido inspirada pelo programa Apollo, pela série televisiva “Star Trek” e pelo filme “2001: Odisseia no Espaço, além do trabalho de Frances Northcutt, a única mulher envolvida na missão Apollo 13.

“Queria ser astronauta, mas entendi muito cedo que sendo brasileira e ainda por cima míope ia ser muito difícil. Resolvi seguir astronomia e depois ciências planetárias e trabalhar para a NASA ajudando na exploração do espaço”.

Rosaly Lopes está envolvida num projeto de investigação de vida extraterrestre na lua Titã, do planeta Saturno, e alimenta o desejo de vir a trabalhar numa missão de colonização, apesar de não saber se haverá alguma antes de se reformar.

Porém, acredita que o futuro passará por ter colónias noutros planetas e na lua.

“Não sei se vai ser para muita gente morar lá realmente, mas a maneira é como nós termos bases na Antártica”. Bases na lua e em Marte, a acontecerem, terão como “principal razão” a pesquisa científica.

“Acho que nós vamos inventar maneiras da Terra poder sempre ser um lugar bom para os seres humanos”, concluiu.

Delas/ Lusa