Ruanda. Estilista transgénero detida por alterar género no passaporte

Moses Turahirwa
[Fotografia: Facebook/Moses Turahirwa]

Moses Turahirwa, 35 anos, foi detida na quinta-feira, 27 de abril, depois de ter partilhado uma fotografia do seu passaporte na rede social Instagram, alegando que a secção do género tinha sido alterada de masculino para feminino.

“Finalmente, oficialmente uma mulher no meu bilhete de identidade. Isto é divertido. Obrigada Kagame”, publicou Moses Turahirwa, que se identifica como “ela/eles” nas redes sociais.

“Moses Turahirwa foi convocada pelo RIB (Rwanda Bureau of Investigation) para explicar a origem do passaporte falso, depois de a Direção-Geral de Imigração e Emigração ter confirmado que não emitiu o referido passaporte”, disse o porta-voz do RIB, Thierry Murangira.

A mesma fonte avançou que “o uso de estupefacientes foi acrescentado aos crimes de que Turahirwa é acusado depois de os testes efetuados pelo laboratório forense do Ruanda terem confirmado que consumiu ilegalmente canábis”.

“A investigação prosseguirá durante a sua prisão preventiva”, acrescentou.

Ex-modelo e fundadora da casa de moda Kigali Moshions, Moses Turahirwa demitiu-se do cargo de diretora-executiva da empresa em novembro, depois de um protesto contra fotografias de nudez publicadas nas suas redes sociais.

Em janeiro, a estilista – que desenhou roupas para Paul Kagame e a sua família – foi alvo de críticas no Ruanda depois de ter sido revelado um vídeo que a mostrava a ter relações sexuais com dois homens.

A homossexualidade não é ilegal no Ruanda, ao contrário de vários dos seus vizinhos (Tanzânia, Uganda, Burundi). Embora o Ruanda seja um dos poucos países africanos a assinar uma declaração conjunta da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2011 que condena a violência contra as pessoas LGBTQ (sigla para lésbicas, ‘gays’, bissexuais, transgénero e ‘queer’), os abusos e a estigmatização são recorrentes.

LUSA