Tudo apontava para o regresso da moda ao saudoso festival do glamour pré-pandemia e para a Paris Fashion Week. O dia estava marcado: segunda-feira, 28 de fevereiro. Mas a guerra da Ucrânia por parte da Rússia lançou a Europa num negrume e numa urgência que não travaram a Semana da Moda de Paris, mas que lhe retiram espaço, cor e até som. Segundo a agência noticiosa AFP, a guerra na Ucrânia forçou os organizadores a adotar um tom sombrio.
“A guerra atingiu brutalmente a Europa e mergulhou o povo ucraniano no medo e na revolta”, disse Ralph Toledano, presidente da Federação Francesa de Alta Costura e Moda, num comunicado no primeiro dia das coleções femininas de outono-inverno.
O responsável pediu aos participantes em Paris que procurassem apresentar as propostas “com solenidade e refletindo estas horas sombrias”. O conflito lançará um manto pesado sobre uma semana de moda que voltou com toda a pompa, com apenas 13 das 95 casas de moda na lista oficial a comparecerem totalmente online.
A noite de abertura atingiu outra nota agridoce com a coleção final do fundador da Off-White, Virgil Abloh, que morreu de cancro em novembro, aos 41 anos.
Mas a apresentação contou com celebridades, incluindo uma Rihanna grávida, e um esforço impressionante para posicionar Off-White na história da moda.
Um desfile que contou com a presença de estrelas maiores como Kendall Jenner ao lado das supermodelos veteranas Naomi Campbell e Cindy Crawford. E foi em parte nas roupas, que trouxeram ideias das últimas décadas – de vestidos de festa glamourosos de bolinhas a enormes bodys desgrenhados – tudo reimaginado com a irreverência da marca.
Nesta edição, marcas como a Dior, Chanel e Hermes estão entre as 45 casas que realizarão desfiles ao vivo nos próximos dias, à medida que as restrições da pandemia começarem a ser aliviadas na Europa. Saint Laurent, que tinha desistido do calendário oficial durante a crise sanitária, voltou à programação regular.
Metaverso em direto
Cada vez mais tecnológica, o certame já integrou o metaverso no calendário das tendências e pela mão dos alunos do French Fashion Institute. A apresentação online misturou roupas reais (embora descontroladamente vanguardistas) com criações virtuais prontas para a vida digital. “O metaverso está em construção e vai continuar a crescer. É importante estar nele”, afirma Laure Manhes, mestranda em acessórios.
Há vantagens logísticas em quebrar as barreiras entre roupas reais e virtuais, acrescentou, já que a moda digital permite que os jovens ganhem uma posição sem o custo de fazer roupas reais.
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