A decorrer em São João da Madeira, de 15 a 18 de novembro, a 3ª edição Festival de Comédia Gargalhão conta este ano, pela primeira vez, com a presença de uma mulher comediante. Sofia Bernardo, de 35 anos, sobe ao palco este sábado a partir das 22h, na Sala dos Fornos, na Oliva Creative Factory, para um espetáculo de stand up comedy.
“Acho que vai ser fantástico. Ser a primeira mulher no Gargalhão acarreta sempre aquela responsabilidade, uma pessoa não sabe muito bem se isso eleva ou não as expectativas do público, dá aquele friozinho na barriga, mas vai correr bem de certeza. Fico muito honrada e emocionada de o Pedro Neves [da organização] se ter lembrado de mim”, confessou Sofia Bernardo ao Delas.pt.
Nascida nas Caldas da Rainha, desde pequena que Sofia percebeu que a sua vida estava ligada ao teatro, sobretudo à comédia. “Quando começamos a estudar teatro estamos completamente fascinados e queremos experimentar tudo, fazer tudo. Mas já quando estava no teatro amador fazia quase só comédia”.
Habituada aos risos e às gargalhadas, a comediante recorda:
“O ano passado, em 2016, quando estive no Centro Dramático de Viana, a fazer a peça de teatro Bodas de Sangue, o dia da estreia foi tão estranho para mim. Foi estranho falar e não haver risos. Era uma peça de teatro, não era suposto haver, mas há sete anos que isto não acontecia na minha vida. Tive uma sensação de desconforto, de ‘falta aqui alguma coisa’. Claro que depois uma pessoa habitua-se, mas havia de facto a sensação de que faltava ali uma reação”.
Este sábado, Sofia Bernardo, que anda em digressão pelo país com o espetáculo A vida é curta demais para passar lençóis a ferro, vai animar a última noite da terceira edição do Gargalhão. Uma oportunidade para os portugueses rirem até doer a barriga: “Os portugueses podiam rir mais. O riso ajuda-nos a ultrapassar uma série de problemas e quando uma comunidade se ri, até pode estar a rir de algo que não é muito bonito, está a ultrapassa o problema aí envolvido. Não quer dizer que lhe tire a seriedade. Além disso, rir faz bem, dizem os cientistas, não sou eu que digo”.
Stand up Comedy, um mundo de homens?
“Existem muitas mulheres e de qualidade a fazer comédia, embora ainda não tenhamos conseguido ter a mesma visibilidade que os homens. Não sei porquê, mas ainda nos falta um bocadinho. Essa escassez de mulheres na comédia é exatamente no género stand up comedy Aí sim estamos menos representadas. Raramente uma mulher é cabeça de cartaz. Mas temos muito boas comediantes a fazer stand up comedy”,dz Sofia.
No Festival de Comédia Gargalhão, Sofia Bernardo é a única mulher comediante. Sábado vai partilhar o palco com três homens e os restantes dias de espetáculo contam apenas com a presença de comediantes masculinos. Mas, para Sofia Bernardo, a lista de mulheres com capacidade de provocar boas gargalhadas conta já com vários nomes:
“Temos a Catarina Matos, a Tânia do Carmo Barbosa, a Joana Santos, a Ana Arrebentinha, portanto elas existem. Nós estamos cá e não ficamos nada atrás dos homens, é preciso agora é mostrar isso”
E qual é a piada de contar uma piada? “Talvez a expectativa. Gosto quando percebo que o público acha que eu vou por um caminho e, quando lhe tiro o tapete e vou por outro, lhe desmonto o pensamento sendo aí que surge a grande gargalhada. Isso dá-me um gozo tremendo. Quanto mais o público se ri, mais eu quero que ele se ria. Às vezes nem dou espaço. A seguir a isso, há uma partilha muito grande, é como se houvesse um abraço, o que é muito gratificante. Sobretudo quando saímos de palco com a sensação de que aquelas pessoas vão melhor para casa”.
A decorrer em São João da Madeira, no Oliva Creative Factory, o Gargalhão traz, esta quinta-feira, ao palco Manuel Cardoso, Diogo Batáguas, Rui Cruz e Paulo Almeida, com o bilhete no valor de €7. Sexta-feira, dia 17, apresentam-se nomes como Carlos Moura, Francisco Mezes e Fernando Rocha, por €10. O último dia de espetáculo conta com a presença de Sofia Bernardo, Dário Guerreiro, Miguel Sete Estacas e Aldo Lima, com a entrada por €10.
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