Universidade de Coimbra procura bebés até 9 meses para estudar interações cerebrais com os adultos

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[Fotografia: Pexels/Jonathan Borba]

A investigação do funcionamento do cérebro de bebés para melhor compreender os impactos da interação com adultos no desenvolvimento social e da linguagem é o objetivo de um projeto da Universidade de Coimbra (UC), anunciou a instituição. O estudo, denominado SocialBabyBrain, pretende contribuir para identificar marcadores neuronais que possam, futuramente, ajudar a identificar precocemente crianças que apresentem maior risco de dificuldade na interação social e na comunicação.

Liderada por uma equipa do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, a investigação passa por identificar as áreas cerebrais dos bebés que são mais ativadas e se relacionam posteriormente com o desenvolvimento social e da linguagem.

Financiado com cerca de 250 mil euros pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, o projeto decorre até 2026 e começa na próxima semana, com a participação de bebés e dos seus familiares ainda aberta a eventuais interessados.

Segundo a UC, podem participar famílias residentes em Coimbra ou arredores, com bebés até aos 9 meses de idade, cuja colaboração com o estudo será efetivada em três vezes, aos 10, 13 e 24 meses de idade do bebé, tendo cada sessão a duração estimada de pouco mais de uma hora.

Citada na nota, Vera Mateus, investigadora do CINEICC e coordenadora do projeto, explicou que a “atenção partilhada”, ou seja, a forma como os bebés coordenam com um adulto a sua atenção em relação a um objeto, “é um marco importante na forma como compreendem o mundo social que os rodeia”.

“Conhecer os mecanismos cerebrais subjacentes ao desenvolvimento desta habilidade de interação social pode ajudar a identificar precocemente padrões comportamentais e neuronais que constituem maior risco para dificuldade na interação social e comunicação com os outros”, adiantou.

Na prática, o estudo incorpora várias atividades de interação com os bebés, tendo como base momentos de brincadeira: “Eles vão realizar algumas brincadeiras com uma investigadora da equipa, usando alguns brinquedos”, disse Vera Mateus.

Num desses momentos, a criança usará uma touca elástica com sensores — uma técnica que a coordenadora garantiu ser “não invasiva e totalmente segura”, e que regista a ativação do cérebro do bebé, permitindo perceber quais as áreas mais ativas durante a experiência.

O estudo contempla ainda “um momento de brincadeira entre a mãe e o bebé e alguns questionários para conhecer a família e o bebé”.

Depois, a partir da recolha de dados comportamentais e de neuroimagem, e para além de investigar mudanças ao longo do tempo no cérebro dos bebés, o projeto poderá “explicar diferenças individuais em habilidades sociocomunicativas que surgem mais tarde, como a linguagem e a competência social”, vincou Vera Mateus.

Por outro lado, os resultados do estudo poderão ainda ser utilizados por programas de intervenção precoce, direcionados a pais e profissionais de saúde e de educação, “que lidem com crianças desta faixa etária, com a finalidade de promover trajetórias de desenvolvimento mais positivas”.

O projeto SocialBabyBrain conta ainda com a participação de mais duas investigadoras do CINEICC (Ana Ganho Ávila e Mónica Sobral), Sara Cruz, da Universidade Lusíada do Porto, e Ana Osório, investigadora da Universidade Presbiteriana Mackenzie (São Paulo, Brasil).

De acordo com a nota da UC, as famílias com bebés da zona de Coimbra que tenham interesse em participar ou receber mais informações sobre o estudo podem inscrever-se através do endereço [email protected].