Videojogos trazem benefícios cognitivos aos jovens ‘gamers’, diz estudo

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[Fotografia: Pexels/Polina Tankilevitch]

E se os videojogos fizerem bem aos jovens? Esta conclusão vem indicar outro caminho distinto de outros estudos que têm chegado ao espaço público, porém uma investigação publicada nesta semana indica que há benefícios cognitivos associados a esse passatempo. Entre os pontos-chave do estudo, os investigadores destacaram que “estas descobertas sugerem que os videogames podem estar associados a habilidades cognitivas melhoradas”.

O autor principal da pesquisa, Bader Chaarani, professor assistente de psiquiatria na Universidade de Vermont, e os colegas analisaram dados do extenso estudo em curso Adolescent Brain Cognitive Development (ABCD), financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde.

Os investigadores concentraram-se nas respostas do estudo, nos resultados de testes cognitivos e em imagens cerebrais de cerca de duas mil crianças de oito e nove anos divididas em dois grupos: aquelas que nunca jogavam videojogos e as que jogavam por três horas diárias ou mais.

Cada grupo foi avaliado em duas tarefas distintas. A primeira envolvia ver setas apontadas para a direita ou para a esquerda e pedir às crianças que pressionassem a direção de cada seta o mais rapidamente que pudessem. Na segunda tarefa, eram mostradas às crianças rostos de pessoas e perguntava-se-lhes se uma imagem exibida posteriormente era correspondente ou não, para testar a memória de trabalho.

Após usar métodos estatísticos para controlar as variáveis que poderiam distorcer os resultados, como o papel dos pais, QI e sintomas de saúde mental, a equipa conclui que os gamers tiveram um desempenho melhor em ambas as tarefas.

Enquanto as crianças executavam os testes, os cérebros foram submetidos a ressonâncias magnéticas funcionais (fMRI). Os cérebros daqueles que jogavam videojogos mostraram mais atividade em regiões associadas à atenção e à memória. “As descobertas são consistentes em relação a que os videogames melhoram as habilidades cognitivas que envolvem a inibição da resposta e a memória de trabalho”, concluíram os autores no estudo publicado no Jama Network Open.

“É claro que o tempo excessivo de ecrãs é mau para a saúde mental geral e a atividade física”, reconheceu Chaarani. Mas os resultados do estudo mostraram que os videojogos podem, ainda assim, ser um melhor uso dos ecrãs do que apenas assistir a vídeos do YouTube, o que não tem efeitos cognitivos identificáveis.

De momento, não é possível saber se um melhor rendimento cognitivo impulsiona a jogar mais, ou se é o resultado disso mesmo, comentou Bader Chaarani. A equipa avançou que estas mesmas crianças do estudo serão posteriormente avaliadas.

Com AFP