A maior prova de orientação do mundo é só para mulheres

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É o maior rali de orientação do mundo. E só mulheres podem participar. Estamos com Elisabete Jacinto em Marrocos.

Dito desta forma até pode parecer depreciativo, mas não. Gazelas, ou gazelles no original, em francês, é nada mais que a expressão popular utilizada nos países africanos francófonos para designar as mulheres. Pode parecer uma expressão sexista, mas não é, garantem-nos em Marrocos. Ou na Tunísia, onde também é bastante utilizada. Vamos ter que acreditar.

Aterramos em Casablanca, passamos quatro horas no aeroporto à espera do voo seguinte (de 60 minutos) até Errachidia. De lá, mais uma viagem de hora e meia em jipe até ao acampamento, o bivouac. Foi esse o ponto de encontro com a mais popular das portuguesas que conduzem jipes e camiões pelos desertos do mundo – Elisabete Jacinto.

É uma das 11 automobilistas de elite que participa nesta 26ª edição do Rali Aicha des Gazelles, num total de 162 equipas e 324 participantes. Está, com a navegadora belga France Clèves, a partir das seis da manhã desta quinta-feira, ao volante de um Volkswagen Amarok, a tentar o que nunca conseguiu antes: vencer esta mítica prova de todo-o-terreno onde só mulheres estão autorizadas a competir. O prólogo de ontem foi um pró-forma. A partida de Nice, a passagem por Barcelona e o ferryboat até Tânger também. Agora será mais a sério.

Estas mulheres chegam de todo o mundo, são mais de 360 e pela frente têm apenas um objetivo, aquele que lhes vai dar a vitória: percorrer as etapas no menor número de quilómetros possível. Aqui o cronómetro não é assim tão importante. Aqui, no deserto marroquino, o GPS e o Google Maps não estão permitidos. Aqui tudo depende um mapa e de uma bússola. A cada dia, as concorrentes sabem o ponto de partida e o ponto de chegada. Mais nada. Sem ajudas externas vão ter de traçar uma linha reta entre os dois pontos e tentar não se desviar da rota, procurando o caminho mais curto.

Elisabete, o rosto da equipa 402, está pronta para uma grande prestação. Diz-nos que “esta não é uma prova como as outras, é um desafio – há mulheres que a terminam e quando chegam a casa se divorciam. As dificuldades, a pressão, a competição, tudo nos transforma”.