É uma das apresentadoras de TV mais amadas nos Estados Unidos e uma das mulheres mais influentes em todo o mundo. Este domingo, Oprah Winfrey comemora 63 anos de uma vida que, não tendo sido sempre de felicidade e fartura, se transformou num exemplo sem par de superação pessoal e sucesso profissional.
A afro-americana nascida em Kosciusko, no Mississippi, em 1954, passou a sua infância vestida com sacas de batatas. O dinheiro não abundava. Apesar das dificuldades, nunca deixou de frequentar a escola, até porque aos três anos já sabia ler.
O feito, contaria mais tarde, deveu-se à avó, com quem vivia, que a obrigava a recitar frequentemente versos da Bíblia. Oprah era conhecida nessa altura como “a pregadora”.
Nasceu de uma relação liberal entre dois jovens adolescentes. A mãe deixou-a aos cuidados da avó materna, uma senhora de mão pesada, e mudou-se para outro estado norte-americano em busca de trabalho. O pai nunca quis que a gravidez tivesse chegado ao fim. Ainda assim, visitava Oprah uma vez ou outra.
Só aos seis anos é que a mãe a foi buscar para viverem juntas. Winfrey confessaria mais tarde ter sido sexualmente agredida por um tio e pelos primos entre os nove e nos 13 anos, altura em fugir de casa. Meses depois, estava grávida. O filho morreu com duas semanas de vida.
O nome de Oprah deveria ter sido Orpah, personagem do Livro de Rute, do Antigo Testamento. A dificuldade da sua pronúncia levaram à mudança. Quando fundou a sua produtora em 1986, batizou-a com o seu nome escrito de trás para frente: Harpo.
Cinco décadas passaram e Oprah Winfrey, apresentadora, empresária, produtora, filantropa, atriz e opinion maker, tem uma fortuna avaliada em 2,8 mil milhões. “Venci sendo eu mesma. Construi uma carreira da minha autenticidade”, disse em tempos, acrescentando: “Falo com os meus cães da mesma maneira que estou a falar agora.”
Recusa, contudo, dar grande importância à palavra “poder”. Logo Oprah, que quando abriu um perfil no Twitter, em 2009, conseguiu um milhão de seguidores em 24 horas. “Há tantas definições de poder como mulheres para o exercer”, assegurou. Um facto curioso é a estimativa que aponta para que o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, tenha tido mais de um milhão de votos nas presidenciais de 2008 graças ao apoio dado por Winfrey, que o entrevistou, bem como a ex-primeira-dama Michelle Obama, em diversas ocasiões.
Em 1998, criadores de gado do Texas levaram-na a tribunal depois de ter dito, no ‘The Oprah Winfrey Show’, emitido entre 1986 e 2011 e até então o talk show diurno mais antigo dos EUA e o programa com maior audiência televisiva do país, que as crias de animais era alimentadas com rações que podiam transmitir a “doença das vacas loucas”. O preço da carne baixou, imediatamente, nos mercados. Oprah venceu com base na liberdade de expressão.
Com 34 anos de carreira, Oprah Winfrey angariou donativos acima de 500 milhões de euros. Viu a carreira ser premiada com 48 galardões. Foi a primeira afro-americana a ter fortuna acima dos mil milhões de dólares. Em 2011, viu o seu nome ser atribuído a uma rua batizada em Chicago, nos Estados Unidos. O bloco 100 da Avenida Norte Carpenter, onde se situam os Harpo Studios, é agora a Oprah Winfrey Way. “Não há tempo suficiente ou palavras adequadas que possam descrever o que a sua presença tem significado para Chicago. O The Oprah Winfrey Show tem atraído a atenção mundial para a nossa cidade e uma energia muito boa”, terminou o então mayor, Richard Daley.
A empresário, atualmente à frente do seu canal por cabo, o OWN, rematou: “A minha história é a de um círculo completo de milagre. Era uma menina que nasceu em Kosciusko, no Mississippi, numa estrada de terra suja, e que acaba com o nome numa rua linda de uma das melhores cidades do mundo. Portanto, obrigado! Isto é melhor do que ganhar um Óscar ou um Emmy”.
