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Foram as mulheres que criaram os Bonecos de Estremoz

Percorra a galeria de imagens e veja alguns aspetos da criação dos "Bonecos de Estremoz" [Fotografia: Atelier de Afonso Ginja por Sara Matos / Global Imagens]
Freira de barro feita no atelier das irmãs Flores, Maria Inácia e Perpétua Fonseca. [Fotografia: Sara Matos/Global Imagens]
Figuras recriando os trajes típicos alentejanos, feitas pelo atelier de Afonso Ginja. [Fotografia: Sara Matos / Global Imagens]
Figuras do Museu Municipal Prof. Joaquim Vermelho, em Estremoz [Fotografia de Sara Matos / Global Imagens]
Bonecos do Museu Municipal Prof. Joaquim Vermelho [Fotografia: Sara Matos / Global Imagens]
Representação da rainha Santa Isabel, no Atelier das irmãs Flores, Maria Inácia e Perpétua Fonseca. [Fotografia: Sara Matos / Global Imagens]
Atelier das irmãs Flores, Maria Inácia e Perpétua Fonseca. [Fotografia: Sara Matos / Global Imagens]
Maria Inácia e Perpétua Fonseca a trabalhar no atelier das irmãs Flores. [Fotografia: Sara Matos / Global Imagens]
O trabalho de esculpir os famosos bonecos de barro, no Atelier das irmãs Flores.[Fotografia: Sara Matos / Global Imagens]

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As figuras de barro pintadas de Estremoz, conhecidas como Bonecos de Estremoz foram distinguidas esta quinta-feira, 6 de dezembro, pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade.

Esta arte nasceu há mais de três séculos e a sua criação é atribuída às mulheres, conhecidas como “boniqueiras”.

Segundo o site da Câmara Municipal de Estremoz, as primeiras referências às figuras de barro de Estremoz remontam ao princípio do séc. XVIII. “Em 1770, sabemos da existência das “boniqueiras”, mulheres que faziam curiosidades e figuras de barro e que tinham um trabalho não reconhecido enquanto ofício”, refere a página. Ofício era a olaria, a construção de peças utilitárias na roda do barro, uma indústria florescente em Estremoz até meados do século XX.

Inicialmente, os bonecos estavam associados sobretudo à religião, tendo como função recriar os santos e como a talha de madeira era inacessível para o povo com poucos recursos, terá sido, diz a informação municipal, “uma mulher habituada a lidar com o barro” a “modelar pela primeira vez um santinho da sua devoção particular”. Numa terra onde o barro era abundante, terá nascido assim uma tradição que com o tempo passou a abarcar a construção de figuras de presépio, acrescentando à representação das personagens bíblicas outras que entretanto ganharam vida própria fora dele.

Foi preciso chegar a um novo século para esta arte ser também trabalhada por mãos masculinas. No início do século XIX, os homens começam a criar estas figuras, segundo o “relato da barrista Georgina, que confirmou a Sebastião Pessanha, no princípio do séc. XX, ter aprendido a arte por intermédio do seu esposo”.

A tradição foi passando de geração em geração, normalmente por meio familiar, até 1935, quando ofício passa a ser encarado de forma profissional, através da intervenção de José Maria Sá Lemos. O diretor da Escola Industrial de Estremoz consegue que a artesã Ti Ana das Peles, “que apenas sabia modelar ‘Assobios’”, partilhe os seus conhecimentos e participe “no processo de ‘ressuscitar’ as figuras que já ninguém modelava desde a década passada”.

Os “Bonecos de Estremoz” são o primeiro figurado do mundo a merecer a distinção de Património Cultural Imaterial da Humanidade, uma distinção que a diretora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira considera “muito relevante” e “motivo de grande orgulho”, não só para “a cidade, para a população e para os artistas e artesãos”, mas também “para o Alentejo e para Portugal“, afirmou em declarações à Lusa.

Segundo a Câmara Municipal de Estremoz estão inventariadas mais de cem figuras diferentes, ilustrativas de temáticas variadas, que vão da religião ao quotidiano e vivência rural e urbana das gentes do Alentejo.

No Museu Municipal de Estremoz Prof. Joaquim Vermelho podem visitar-se algumas coleções de figurado de Estremoz, que vão dos famosos Presépios de Altar aos mais recentes bonecos da “Rainha Santa Isabel”.

Na fotogaleria, em cima, pode ver alguns exemplos e aspetos do trabalho destas figuras em ateliers que se dedicam à arte.

 

Imagens: Sara Matos/Global Imagens