Abusos sexuais. Luísa Castel-Branco revela que foi vítima em criança

Sessão fotográfica com Luísa Castel-Branco,
[Fotografia: Carlos Pimentel/Global Imagens] (Carlos Pimentel/Global Imagens)

O relato duro da escritora chega em véspera de lançamento do novo livro O Amor É Uma Invenção dos Pobres – Pensamentos e Emoções Sobre o Amor e os Filhos, um segundo livro de cariz autobiográfico e que integra uma trilogia assinada pela autora.

Em antecipação à chegada da obra, Luísa Castel-Branco conta, em entrevista ao site Selfie, que foi vítima desta agressão na infância e na pré-adolescência e que a batalha contra esta violação é para toda a vida. “Não se supera… Tem-se uma vergonha para o resto da vida, como se aos sete e aos 11 anos pudesse fazer-se mais alguma coisa”, relata, lembrando que, à data dos factos, “nem sabia o que aquilo era. Daí que não fosse passível de falar. E eram outros tempos…”

Crimes perpetrados por “um amigo da família, de toda a vida, e um primo afastado” e que chegam agora à luz do dia e após uma longa luta pessoal. “Acho que qualquer criança que é molestada é uma criança que perdeu a vida, a inocência, os sonhos, uma data de coisas… Só mais tarde, quando fiz psicanálise, percebi que aqueles pesadelos que tinha recorrentemente eram verdade”, revela. Pesadelos que nem sempre são compreendidos, mas que mais tarde trazem ao de cima “sons, a textura da roupa… Vem tudo em catadupa”, revela Luísa Castel-Branco na mesma entrevista.

“Qualquer criança que é molestada é uma criança que perdeu a vida, a inocência, os sonhos, uma data de coisas”

Um silêncio que – explica agora a escritora – tem carregado sozinha até agora. “Com vergonha. É tão estúpido… Uma pessoa está a ver qualquer uma das milhentas notícias que aparecem e olha aqueles milhentos casos que vão a tribunal e saem de lá com penas suspensas. Tenho sempre vontade que alguém ensine o juiz ou a juíza o que isto realmente significa. É óbvio que nenhuma daquelas crianças merece ter vergonha. Deve ser, exatamente, o contrário.”