Adolescentes: sete em cada dez estão ansiosos ou deprimidos em tempo de Covid-19

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[Fotografia: Istock]

A pandemia, o isolamento, a proximidade das redes sociais e o distanciamento físico e, acima de tudo, a vida interrompida. Mas, afinal, que efeitos pode ter causado a Covid-19 na juventude?

Segundo um estudo norte-americano divulgado este mês (que pode ser consultado no original aqui), os adolescentes reconhecem que este período extraordinário na vida de todos está a ter amplos reflexos na saúde mental. As respostas ao inquérito online conduzido pelo The Harris Poll entre 4 e 14 de maio, junto de 1516 jovens com idades entre os 13 e os 19 anos trazem inquietantes revelações sobre a ansiedade, angústia e depressão que os mais novos dizem estar a viver.

Mais de metade dos inquiridos (55%) diz ter experienciado sintomas de ansiedade, 45% sentiu stress excessivo e mais de quatro em cada dez (43%) reporta mesmo depressão.

Com a vida adiada fosse pela falta de aulas presenciais, testes e exames apresentados de uma nova forma, competições e provas por cumprir e até todos os rituais festivos destas idades cancelados devido à pandemia, o fator que mais preocupa os inquiridos é, num primeiro ponto, é o trabalho escolar, com sete em cada dez a dizer que se sentiu ansioso ou deprimido. Segue-se a incerteza para com o futuro (65%).

E se a pressão chega de uma rotina que se vê interrompida, ela parece alargar-se à forma como os jovens se olham a si próprios. Segundo o mesmo estudo, os adolescentes dizem-se mais obrigados a esconder os sentimentos do que a confessar o consumo de drogas.

Quase sete em cada dez (67%) referem ter-se sentido pressionados a guardar estes sentimentos para si próprios e também a disfarçar alguma agonia para não preocupar quem os rodeasse. Cerca de 65% lidou com todas estas emoções de forma solitária, com 45% a afirmar que ignorou emoções desta natureza ou passou mais tempo sozinho para lidar com estes problemas de saúde mental.

Não é, por isso, surpresa que oito em cada dez adolescentes inquiridos (79%) deseje um ambiente mais inclusivo e propício para a abordagem das questões da saúde mental na escola, esperando que esta passe também a ensinar e a trazer-lhes mais ferramentas para lidar com estes problemas. Olhando à volta, 81% destes jovens crê que a saúde mental é agora assunto incontornável na vida dos adolescentes norte-americanos.

Quanto aos hábitos em tempo de pandemia, o consumo de conteúdos (binging content) suplantou as horas de sono, 57% para 54%, respetivamente. Cerca de metade (49%) referiu ter aumentado o consumo de redes sociais. Ora, 75% (mais de sete em cada dez) admitiu que passou uma média de nove horas por dia agarrado a ecrãs, nada mais, nada menos do que mais três horas do que antes, indica a análise.

“Estas informações fazem um retrato rápido e evidente da angústia”, alertou Steven Meyers, professor de psicologia da Roosevelt University, em Chicago, em declarações ao site Huff Post. O especialista, que não integrou a pesquisa, vinca que as “descobertas indicam aumentos nos problemas de stress e saúde mental, semelhantes às experiências de muitos adultos”.

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