Arábia Saudita contrata Nicki Minaj e as críticas disparam

nicki Reuters
Nicki Minaj [Fotografia: Carlo Allegri/Reuters]

A data está marcada. A 18 de julho, a rapper Nicki Minaj, conhecida pelo seu estilo, o twerk e os seus temas ousados, vai subir ao palco do Jeddah World Fest, um festival que será livre de álcool e drogas e aberto a quem tem mais de 16 anos.

O concerto, que terá lugar no estádio King Abdullah Sports, uma cidade costeira do Mar Vermelho, está a dar que falar e as reações multiplicam-se, seguindo caminhos opostos. Às críticas dos setores mais conservadores da sociedade que condenam escolha de uma artista com esta performance juntam-se às que acusam o governo de hipocrisia: por trazerem Minaj para um palco cuja plateia terá mulheres sauditas que se devem apresentar vestidas de abaya, num pais onde muitas cobrem o rosto, o cabelo e as mãos.

“Ela vai chegar e abanar o rabo, e as suas músicas são indecentes e sobre sexo e depois dizem-me a mim para usar abaya. Mas o que é isto”, indaga uma das mulheres sauditas num vídeo que soma perto de 40 mil visualizações, citado pelo jornal britânico The Guardian.

Segundo avança o site Al Jazeera, o país está a conceder visas eletrónicos rápidos para os visitantes internacionais que queiram assistir ao festival e refere que o concerto, de acordo com o que foi noticiado nos media locais, será exibido na MTV, a par de outros cabeças de cartaz previstos no alinhamento: entre eles Liam Payne e o DJ norte-americano Steve Aoki. Mas se estes tiveram direito a fotografia na conta do Twitter do festival, Minaj teve apenas direito a uma imagem animada.

A escolha de Minaj surge, contextualiza a Al Jazeera, numa altura em que o reino tem vindo a dar mostras de querer aliviar algumas restrições ao entretenimento, tendo já levado ao país, e nos meses mais recentes, nomes como Mariah Carey, Enrique Iglesias e Black Eyed Peas.

Nicki Minaj vítima de assalto no valor de 186 mil euros

Contratações que se juntam a reformas sociais que têm sido empreendidas pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman e que têm passado por, exemplificando, permitir às mulheres a condução, autorizar a ida a estádios de futebol (a primeira vez foi precisamente em Jeddah) ou reabrir um primeiro cinema em Riade, a capital, após 35 anos de proibição. Uma medida tomada em abril de 2018.

Imagem de destaque: Carlo Allegri/Reuters

Arábia Saudita: mulheres de carne e osso têm menos direitos que a robô Sophia