Ararate: o restaurante de comida arménia que já conquistou os portugueses

A empresária Karine Sarkisyan, de 39 anos, nasceu na Rússia, país da mãe, mas o facto de o pai ser arménio fez com que tivesse uma grande ligação com esta ex-república soviética. Desde os três anos que passava os três meses de férias de verão com a família paterna na Arménia. A mãe aprendeu a gastronomia típica, através de uma tia, assim que começou a viver com o pai e passou-lhe todos os ensinamentos.

Aos 34 anos, depois de ter passado férias em Portugal várias vezes, a mulher com formação em Gestão e experiência de trabalho na área de relações públicas decidiu começar a abrir restaurantes em território luso. O mais recente desafio foi o Ararate, o primeiro restaurante de cozinha arménia em Lisboa. Quase um ano depois de abrir portas não tem dúvidas: já conquistou o estômago dos portugueses (percorra a galeria de imagens no topo do texto para ficar a conhecer os novos pratos do Ararate).

“O negócio está a correr muito bem, não esperava. Não é o meu primeiro cá em Lisboa, mas num restaurante normal preciso de três anos para conseguir uma clientela fixa e neste aconteceu tudo mais rápido. Quando abri este restaurante tinha medo porque ninguém conhece a nossa comida, temos sempre de explicar o que são os pratos e a sua história“, confessou ao Delas.pt Karine Sarkisyan.

Para a primeira carta escolheu pratos arménios que tivessem sabores semelhantes à comida típica portuguesa, como as espetadas e os ensopados. Atualmente, como já tem muitos clientes habituais que chegam a ir ao restaurante entre duas a três vezes por semana, a proprietária do Ararate decidiu começar a introduzir, na nova carta de verão, pratos com sabores mais típicos do país.

“Alguns dos pratos são muito específicos, como a sopa de spass [sopa de iogurte] que decidimos colocar agora que introduzimos novos pratos. São pratos que na Arménia se comem no ano todo, mas mais no verão. Pratos que não são para gostar, são para provar. Eu, por exemplo, não gosto da sopa de spass, mas o meu pai adora, não pode viver sem isso”, sublinhou a proprietária do Ararate.

Além da sopa de spass, entre as novas entradas há uma doce sopa de abóbora com mel e khachapuri, um pastel com feijão vermelho e ervas da arménia servido com tan frio, uma bebida típica com base no leite fermentado. No que toca aos pratos principais, todos eles com alimentos assados ou grelhados, há khurdjin, que é borrego corado e assado no forno em trouxa de lavash com legumes estufados em cerveja, e khorvu, também borrego estufado com ameixa preta e manteiga verde numa cama de puré de abóbora.

O khorvu é o que comemos tradicionalmente nas festas ou no verão, quando se mata o borrego. Nas aldeias há um forno comunitário, as mulheres juntam-se todas e começam a fazer pão para todo o ano. Depois, aproveitando que o forno está quente, mata-se o animal, que normalmente é um borrego muito jovem, tipo o vosso leitão. Preparam-no com ervas, fecham, colocam-no inteiro dentro do forno e aí fica durante toda a noite – 6 horas – a baixas temperaturas, cozendo lentamente”, explicou Karine Sarkisyan.

Para beber, se quiser continuar a experimentar novos paladares, deve optar pelo vinho de romã, tradicional da casa. É bastante vendido no restaurante, com alguns clientes portugueses a encomendar paletes todos os meses.

“No tempo da União Soviética, toda a uva cultivada na Arménia foi para a produção de aguardente e a produção de vinho caiu bastante, só se fazia vinho em casa. Então começaram a usar-se outras frutas para fazer vinho e a primeira que escolheram foi a romã. Fazem a produção tal e qual como se fosse um vinho de uva. Este vinho que temos aqui tem 70% de romã e 30% de uva, o que o torna um pouco mais suave“, acrescentou a empresária.

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