Kamilla Boboli. Polaca, 27 anos. “Aquele rosto, a dignidade desta mulher no olhar que, apesar de ser jovem, mostrava tanta experiência já”. Este é um dos relatos que o fotógrafo e fotojornalista José Lorvão trouxe da visita ao campo de concentração de Auschwitz, que fez há três anos, e que chega agora em livro.
Do Not Forget Auschwitz [Não Esquecer Auschwitz] é o título da obra fotográfica que não retrata apenas a dimensão feminina daquele campo de extermínio de judeus às mãos dos nazis, na Segunda Guerra Mundial.
Contudo, em conversa com a Delas.pt, José Lorvão conta que o testemunho feminino que está tatuado naquelas paredes traz muito que pensar. “O facto de serem mulheres deixa-me muito agastado, depois olho para o rosto desta jovem [Kamilla Boboli] e sinto uma enorme dor”, relata. “Em Auschwitz, estamos a falar de uma linha de desmontagem, estavam ali para matar gente, e o que se consegue perceber é que não havia distinção, era como se as pessoas fossem assexuadas”, recorda.
A visita ao campo de concentração não foi motivo único que levou Lorvão à Polónia, mas a visita histórica impunha-se. Olhou-a, retratou-a, mas foi quando chegou a Portugal e reviu as imagens que “ficou de rastos”.
Três anos volvidos, este fotojornalista, de 54 anos dos quais 36 de profissão, lança o livro pela editora independente lusodinamarquesa Carrack Books, que estará disponível a partir desta segunda-feira, 4 de setembro, e tem uma mensagem clara a passar: “Este livro serve para não nos esquecemos do passado, sobretudo depois do que se passa na Ucrânia”, afirma.
“O ser humano tem a tendência para perder a memória e voltar a cometer as atrocidades de antes, este livro pretende ser um alerta para que não se repita”, acrescenta o fotógrafo que está, desde 2018, no Sporting Clube de Portugal.
Veja abaixo algumas imagens que são excertos do livro que será apresentado esta segunda-feira, 4 de setembro, na Casa da Imprensa, em Lisboa.
[Fotografia: José Lorvão/Do Not Forget Auschwitz]
