Beber descafeinado faz mal à saúde?

Café

Foi no início de 1900, depois de um acidente de carro em que um carregamento de grãos de café ficou embebido em água salgada, extraindo naturalmente a cafeína, que o comerciante alemão Ludwig Roselius descobriu o descafeinado. Alguns anos mais tarde resolveu patentear a ideia mas, em vez de completar o processo apenas com água e sal, juntou-lhe um solvente químico mais potente: o benzeno.

links_JenniferQuando é inalado, até mesmo em pequenas quantidades, este hidrocarboneto aromático pode causar sonolência, tonturas, dores de cabeça, irritação nos olhos e na pele e dificuldades respiratórias. A longo prazo e em doses elevadas, o benzeno já foi associado ao cancro, doenças de sangue e problemas de desenvolvimento fetal em mulheres grávidas.

A cientista norte-americana Julia Calderone garantiu, no site Consumer Reports, que atualmente os fabricantes de café usam métodos mais seguros, mas não descarta a hipótese de alguns recorrerem a produtos químicos potentes para afastar a cafeína mais rapidamente.

“Existem três métodos principais para remover a cafeína dos grãos de café: um solvente químico, dióxido de carbono líquido ou simplesmente água. Tudo leva a que os grãos de café, verdes ou torrados, sejam mergulhados ou cozinhados até que a cafeína esteja dissolvida e os seus poros estejam abertos para, de seguida, se extrair a cafeína”, explicou Julia Calderone.

A Food and Drug Administration, a agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, exige que se venda apenas descafeinado em que pelo menos 97% da cafeína tenha sido removida. Para que isso aconteça em grandes quantidades podem haver alguns comerciantes a fazer “batota”. Charlotte Vallaeys, analista sénior dos relatórios dos consumidores e especialista em rótulos de alimentos, deixa um conselho.

“Se os consumidores querem ter a certeza de que não estão a ser usados solventes sintéticos para descafeinar o seu café devem procurar o selo orgânico. Este selo proíbe pesticidas e solventes químicos durante o processamento”, esclareceu Charlotte Vallaeys.

A maioria dos estudos científicos conclui que o descafeinado está associado a benefícios para a saúde. No entanto, ainda persistem muitas dúvidas entre a comunidade científica. Angela M. Zivkovic, professora assistente no departamento de nutrição na Universidade da Califórnia, sublinhou que é preciso interpretar estes resultados com cuidado e pediu mais investigação.

“É muito possível e provável que as pessoas que escolhem descafeinado sejam mais saudáveis porque também têm um estilo de vida ‘saudável‘”, acrescentou Angela M. Zivkovic.


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