Caso Rubiales. Federação pede desculpa e demite selecionador Jorge Vilda

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[Fotografia: captura de ecrã]

A Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) emitiu esta terça-feira, 5 de setembro, um comunicado no qual pede desculpas institucionais pela atuação de Luis Rubiales, então presidente do organismo desportivo, no beijo não consentido à jogadora Jenni Hermoso no fim da vitória no Mundial Feminino de Futebol, em Sidney, a 20 de agosto.

O agora presidente em funções Pedro Rocha, antigo vice-presidente adjunto antes da polémica, refere que “a atuação de Senhor Rubiales (suspenso por três meses pela FIFA) não representa os valores que a federação espanhola defende nem os valores do conjunto da sociedade espanhola”.

Na mesma nota, pode ler-se: “Para que fique claro: esta posição era a do senhor Rubiales, não a da RFEF. Lamentamos e envergonhamo-nos especialmente pela dor e angústia adicionais que causou. Lamentamos que este incidente tenha impactado negativamente o que deveria ter sido uma celebração do futebol, tanto para a nossa seleção nacional como para Inglaterra, que foram um adversário verdadeiramente extraordinário numa final emocionante.”

No mesmo documento, o organismo diz estar à disposição do Tribunal Administrativo do Desporto (TAD) e Conselho Superior dos Desportos (CSD) para fornecer o apoio documental e administrativo necessário ao inquérito, a fim de que o mesmo se resolva o mais rapidamente possível.

Selecionador feminino demitido

Nesta mesma terça-feira, 5 de setembro, o jornal desportivo espanhol Marca revela que o selecionador nacional da equipa feminina Jorge Vilda, foi destituído.

Selecionador espanhol Jorge Vilda [Fotografia: FRANCK FIFE / AFP)
Terá sido o presidente em funções quem fez a comunicação nesta mesma manhã de terça e durante uma reunião entre ambos, 16 dias depois da conquista do título mundial, na Austrália.

Recorde-se que Vilda foi filmado a aplaudir Luís Rubiales na Assembleia Geral Extraordinária, de 25 de agosto, em que este anunciou que não se demitiria do cargo, punha em causa as palavras da jogadora, dizia-se vítima de uma “campanha de falso feminismo em Espanha”.

A atitude que Vilda teve – apoiando Rubiales – acabaria, ao lado do que foi dito pelo então presidente da Federação, por motivar um protesto por parte de 81 jogadoras, que anunciaram que abandonariam a seleção enquanto os responsáveis não fossem despedidos.

Ora, a 25 de agosto tinha sido proposta uma renovação a Vidal e que partiu do ainda presidente da RFEF, mas que agora não prossegue. À data, como explica a Marca, estavam em cima da mesa quatro temporadas ao valor de meio milhão de euros por ano. Vidal, há oito anos à frente da seleção feminina de futebol, teria contrato até agosto de 2024, pelo que agora terá sido renegociado.

A decisão de dispensar os serviços de Jorge Vilda como diretor desportivo e selecionador espanhol feminino, cargo que assumiu em 2015, surge como umas das primeiras medidas de renovação anunciadas pelo presidente da RFEF em funções, Pedro Rocha.

“A RFEF agradece o seu trabalho à frente da seleção nacional e nas suas funções como diretor desportivo máximo das equipas femininas, bem como os sucessos alcançados e dos quais se destaca a recente conquista do campeonato do Mundo”, refere a nota emitida pelo organismo federativo.

O organismo destaca ainda a sua “impecável conduta pessoal e desportiva” e realça que Jorge Vilda foi “uma peça-chave no notável crescimento do futebol feminino em Espanha”, tendo sido sempre promotor de “valores de respeito e espírito desportivo”.

“Desde a sua chegada à federação, Jorge Vilda deu um impulso notável que se reflete nos grandes resultados obtidos. Como treinador, sagrou-se por duas vezes o Europeu de sub-17 e também conquistou o Europeu de sub-19, sendo a conquista do Mundial na Austrália e Nova Zelândia a maior das suas conquistas”, adianta a RFEF.

O apoio da seleção masculina de futebol

Os jogadores da seleção masculina de futebol de Espanha condenaram na segunda-feira, 4 de setembro, os “comportamentos inaceitáveis” do presidente da federação espanhola da modalidade, Luis Rubiales, que beijou uma jogadora da equipa nacional feminina.

“Queremos rejeitar aquilo que consideramos comportamentos inaceitáveis por parte do senhor Rubiales, que não esteve à altura da instituição que representa”, disseram hoje os jogadores, num comunicado lido aos meios de comunicação social pelo capitão da seleção espanhola, Alvaro Morata, em Madrid, no primeiro dia da concentração da equipa para os jogos de qualificação para o campeonato europeu de 2024.

O futebolista, que alinha no Atlético de Madrid, afirmou que o comunicado era “de todos os jogadores” da seleção, que estavam presentes na sala em que leu o texto.

Os jogadores manifestaram “orgulho” e “a mais sincera felicitação” à seleção feminina pela conquista do título de campeãs do mundo no mundial que decorreu na Nova Zelândia e na Austrália no mês passado.

“Um feito histórico, carregado de significado, que marcará um antes e um depois no futebol feminino espanhol, inspirando muitíssimas mulheres com um triunfo de valor incalculável”, disse Morata, lendo o comunicado.

Os jogadores da seleção lamentaram, neste contexto, os “acontecimentos que prejudicaram a imagem do futebol espanhol”, numa referência ao comportamento de Rubiales no estádio de Sydney, em 20 de agosto, durante e depois a final do campeonato do mundo feminino.

com Lusa