A partir de 26 de outubro, cinco agrupamentos de Centros de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo vão começar a ter formação para lidar diretamente com a Mutilação Genital Feminina (MGF), uma prática que consiste no corte parcial ou total da parte externa dos órgãos genitais da mulher, que pode levar à morte, e que é muito comum em algumas comunidades.
“Estamos, em conjunto com Ministério da Saúde a trabalhar no combate à MGF e capacitação de profissionais de saúde e intervenção comunitária”, anunciou secretária de Estado para a Cidadania no encerramento da conferência Women for the Mediterranean, que decorreu em Lisboa, a 10 e 11 de outubro.
À margem do evento, Rosa Monteiro explicou ao Delas.pt que o projeto – cujo protocolo e primeiros workshops vão ter lugar a partir de 26 deste mês – vai envolver cinco agrupamentos de Centros de Saúde (AceS) da Zona da Grande Lisboa. “Estamos a falar de Arco Ribeirinho, Seixal, Odivelas-Loures, Amadora-Sintra e Lisboa”, afirmou a governante, explicando que a escolha destas zonas teve por base “o estudo de 2015 que analisou a incidência da MGF onde foi realmente sinalizada”.
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Segundo a responsável governamental, “a lógica é criar um projeto convergente de iniciativas de Organizações Não Governamentais que já operam no terreno, mas fazendo um trabalho muito a partir da área da saúde, em unidades que têm uma ligação e proximidade às pessoas e às populações, e que pertencem às comunidades onde a prática da MGF existe.
Formação vai chegar às escolas
E se os workhsops devem ser direcionados para, afirma Monteiro, “profissionais de saúde”, a governante garante que o objetivo passa por chegar às escolas. “Eles também vão intervir ao nível da saúde escolar, integrando nos planos de trabalho que desenvolvem anualmente com as escolas – e também em articulação com a justiça – e vão estar a trabalhar esta temática de forma coordenada, substantiva e regular”, garantiu a secretária de Estado ao Delas.pt.
Segundo dados reportados em setembro último pelas unidades de saúde portuguesas, falamos de 237 meninas sujeitas à excisão desde 2014. Falamos de casos de mulheres que têm, em média e atualmente 31 anos, mas que tinham sete anos ou menos quando foram sujeitas a esta mutilação. Meninas, na sua maioria oriundas da Guiné-Bissau.
Imagem de destaque: DR
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