Ex-amante de Juan Carlos I dá entrevista onde detalha relação com o rei

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[Fotografia: Instagram]

As confissões e as contas na Suíça de Corinna Larsen, ex-amante do monarca emérito espanhol Juan Carlos I, levaram a justiça a investigar o antigo rei sobre possíveis crimes fiscais. Juan Carlos, de 82 anos, deixou inesperadamente Espanha, na semana passada, para salvar a imagem do seu filho, o rei Felipe VI após as notícias de que estaria a ser investigado a propósito de milhões que depositou em contas bancárias na Suíça, incluindo uma transferência no valor de 65 milhões de euros feita em nome de Corinna Larsen.

Os escândalos financeiros que envolvem Juan Carlos deixam também a descoberto a relação extraconjugal que o monarca emérito manteve com Corinna Larsen, de 55 anos.

Agora, depois de a polémica ser revelada, Corinna Larsen deu uma entrevista exclusiva ao canal público da BBC, na passada quarta-feira, 19 de agosto, em que faz revelações sobre a sua relação com o rei.

Corinna Larsen [Fotografia: Instagram]

O antigo casal conheceu-se numa festa em fevereiro de 2004. Esta é uma das primeiras revelações feitas pela ex-amante do rei.

O relacionamento progrediu lentamente e Corinna Larsen revelou que, durante alguns meses, só mantinha contacto com o rei pelo telefone.

“O primeiro encontro foi no início do verão. Imediatamente conectamo-nos sobre muitas coisas e tínhamos muitos interesses em comum: política, história, boa comida, vinhos”. Corinna Larsen morava então em Londres, onde acabava de começar o seu próprio negócio de consultoria.

“O primeiro ano foi o mais difícil porque eu estava muito ocupada e ele tinha uma agenda cheia, mas ligava-me dez vezes por dia. Imediatamente se transformou numa relação muito forte, profunda e significativa“, admitiu.

A certa altura, Corinna Larsen diz que perguntou ao rei como a sua mulher, a rainha Sofia, se encaixava no cenário: “ele disse-me que tinham um acordo para representar a Coroa, mas tinham vidas totalmente diferentes e independentes”.

Juan Carlos I e Corinna Larsen tornaram-se próximos, a empresária passou um tempo com os amigos do rei e até conheceu os seus filhos, segundo a BBC. As coisas chegaram a tal ponto que Juan Carlos quis casar com ela, pelo que decidiu fazer uma visita ao pai da sua amada.

Juan Carlos e Corinna Larsen [Fotografia: Instagram]

Em 2009, o pai da ex-amante recebeu a visita do monarca. “Ele ligou-me e disse que o rei tinha ido visitá-lo e que lhe disse que estava muito apaixonado por mim e que pretendia casar-se comigo”, revelou na entrevista.

“Obviamente que quando algo assim acontece, é sempre muito emocionante”, disse, acrescentando que “estava muito apaixonada por ele, mas imaginei que seria muito difícil. Achei que aquilo poderia desestabilizar a monarquia”.

O romance terminou naquele mesmo ano. “O meu pai sofria de cancro no pâncreas e estava previsto que teria apenas alguns meses de vida”, explicou Corinna Larsen, acrescentando que foi por essa razão que decidiu passar mais tempo com o pai.

“Para minha grande surpresa, logo após o funeral, o rei disse-me que já estava a namorar com outra mulher há três anos. Fiquei literalmente arrasada, era a última coisa que esperava. Eu precisava de apoio emocional após a morte do meu pai e as notícias foram um choque monumental para mim a nível emocional”, revelou.

Corinna Larsen diz que acreditava ter uma relação exclusiva com o rei emérito. “Eu deixei bem claro que não ia tolerar que ele fizesse sexo com outras mulheres ao mesmo tempo que estava comigo”, contou.

Embora o relacionamento tenha terminado, eles permaneceram amigos, em parte porque o rei tinha um relacionamento muito bom com os filhos de Corinna Larsen.

No final de 2009, Juan Carlos pediu para vê-la: “ele tinha sido diagnosticado com um tumor no pulmão e estava convencido de que era maligno. Disse-me que a sua família não sabia de nada e eu não queria deixá-lo, então continuei a ser uma amiga muito dedicada”.

Quando chegou a hora de o rei ser operado, em 2010, a ex-amante explica que o este pediu que ela ficasse com ele no hospital. “Dormi num sofá ao lado da sua cama antes da operação porque ele estava muito nervoso, mas a biópsia revelou que o tumor era benigno”.

Então a família do rei chegou. “Um membro da corte ordenou que eu fosse embora”, recordou.

“Quando a rainha Sofia e alguns membros da família perceberam o quão sério o rei era comigo, desenvolveu-se um nível bastante alto de hostilidade”. Mas, mesmo assim, segundo a empresária, a sua amizade com Juan Carlos continuou.

Tudo explodiu em 2012, após a famosa caça ao elefante em Botswana durante a qual o rei sofreu uma queda e fraturou a anca.

“Voámos num avião particular para Madrid e eu sabia que o rei não estava bem, tinha dois médicos com ele, o que me deixou apreensiva. Foi uma grande responsabilidade. Eu estava muito, muito nervosa e a pensar que não conseguiríamos voltar para casa com vida”, detalhou.

Apesar de tudo, Corinna não se arrepende do seu “relacionamento romântico com Juan Carlos”. “Tenho sentimentos muito sinceros por ele e estou extremamente triste com a direção que as coisas tomaram”.

Quando a doação a Corinna foi divulgada, em março, o rei Felipe comunicou ao país que renunciava à herança do seu pai relativa a dinheiros no estrangeiros, e que iria cortar a subvenção pública de 200 mil euros anuais que dava ao monarca emérito. Tudo para minorar o escândalo que já estava instalado.

Na Suíça estão a ser investigadas desde 2018 as doações do Ministério das Finanças da monarquia da Arábia Saudita ao monarca espanhol que ascendem a 100 milhões de euros depositados em contas bancárias naquele país a um único beneficiário, Juan Carlos, e de onde foram retirados os 65 milhões para oferecer a Corinna Larsen.