Covid-19 e confinamento ‘roubaram’, em média, um trimestre aos alunos

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[Fotografia: Pexels/Yan Krukov]

O valor é aproximado mais indica que os alunos perderam cerca de três meses de aprendizagem de um ano letivo devido à pandemia provocada pela covid-19 e às medidas de confinamento, obrigando a permanecer em casa com aulas, na sua larguíssima maioria, via online e com a ajuda dos pais.

Este é o resultado de um estudo publicado na segunda-feira, 30 de janeiro, e que procurou analisar o impacto educacional da covid-19 em crianças em idade escolar, conjugando, para o efeito, resultados de cerca de 40 estudos feitos em 15 países europeus, nos Estados Unidos da América e na África do Sul.

Estas conclusões “confirmam o temor de que a pandemia tenha causado déficits importantes de aprendizagem”, resume o estudo, publicado na revista Nature Human Behavior. Os pesquisadores basearam-se em cerca de 40 estudos feitos em 15 países europeus, nos Estados Unidos e na África do Sul.

Os investigadores vincam que se trata de um número médio que traduz uma ideia muito simplificada da situação, uma vez que são evidentes disparidades significativas – em particular, no que diz respeito à classe social dos alunos.

Os mais desfavorecidos são os que tendem a acumular mais atraso. “Esta crise de aprendizagem é uma crise de desigualdades”, afirmou o investigador Bastian Betthauser, principal autor do estudo, em conferência de imprensa e citado pela AFP. Muitos países fecharam escolas, e alguns, como Espanha – e também Portugal -, confinaram menores em casa no início da pandemia, em 2020. Um atraso de poucos meses pode ter grandes consequências no futuro, podendo culminar “num verdadeiro problema geracional”.

“A educação é um dos fatores – talvez o principal – que vai determinar como será a entrada na vida ativa, o sucesso no mercado de trabalho, a capacidade de se garantir um futuro”, lembrou Betthauser.

O estudo é a maior compilação feita até o momento, embora faltem muitos dados dos países mais pobres. Alguns desses resultados explicam, entre outros aspetos, como esses atrasos foram criados, por exemplo, em matemática, mais do que na leitura. “Os pais podem ser mais capazes de ajudar seus filhos a aprender a ler do que a fazer exercícios de matemática”, acrescenta o especialista.