Designers Inês Barreto e Niuka Oliveira vencem Sangue Novo, na ModaLisboa

inês Barreto Niuka Oliveira
Designers de moda Inês Barreto e Niuka Oliveira vencem Sangue Novo, na ModaLisboa [Fotografia: Rita Chantre]

As jovens designers de moda Inês Barreto e Niuka Oliveira são as vencedoras do concurso Sangue Novo, dedicado aos novos talentos, cuja final aconteceu na sexta-feira, 10 de março, na 60.ª ModaLisboa, que decorre até domingo, no Lisboa Social Mitra.

Inês Barreto, de 22 anos, venceu o prémio ModaLisboa x IED — Istituto Europeo di Design Milano, que inclui um mestrado em design de moda no IED de Milão, no valor de 20.100 euros e uma bolsa de quatro mil euros, e Niuka Oliveira, de 23 anos, venceu o prémio ModaLisboa x Tintex Textils, que inclui uma residência artística de três semanas na Tintex, o desenvolvimento de uma coleção cápsula e uma bolsa de 1.500 euros, anunciou o júri no final da apresentação das coleções dos cinco finalistas do concurso.

Para Inês, do Porto, que estudou na Modatex, ser uma das vencedoras do Sangue Novo é “um privilégio enorme”. “Nas Artes nem sempre se vê jovens artistas a terem apoios e eu sinto-me privilegiada de ter esta oportunidade incrível”, contou à agência Lusa

Desfile Sangue Novo – Inês Barreto
(Rita Chantre / Global Imagens)

no final do desfile dos finalistas do concurso.

 

Na coleção que apresentou voltou a criar roupas recorrendo a látex liquido, aquele que considera ter sido “o aspeto mais forte da coleção passada”, com a qual concorreu ao Sangue Novo em outubro.

A coleção com que venceu o concurso começou a ser criada numa altura em que Inês se sentia “um bocado frustrada com o mundo da moda”. “No final do ano passado, só se falava de ‘fast fashion’, eram notícias péssimas, uma atrás da outra. E, entretanto, uma das minhas maiores referências, [a criadora de moda e ativista britânica] Vivienne Westwood, faleceu, e a Shein foi escolhida a marca mais popular de 2022. Enquanto jovem designer a começar estas coisas são um bocado frustrantes”, partilhou.

Tudo junto levou a que se sentisse “desapaixonada pela moda”. “Isto acabou por ser um reapaixonar-me pela minha área e pela minha arte”, disse.

As referências de Inês na criação de moda são “grandes nomes de designers que sempre fizeram os seus protestos à sua maneira através da roupa”, porque para esta jovem “a roupa é uma forma de expressão e [de] contar uma história”.

“Era esta a ideia de usar o látex, para criticar um mundo que acho que está a ficar muito plástico e muito superficial”, referiu.

Também formada na Modatex e a viver no Porto, para onde se mudou com oito anos vinda de São Tomé e Príncipe, Niuka Oliviera, de 23 anos, lembra-se de gostar de moda “desde sempre”.

Niuka acredita que o prémio que venceu vai ajudá-la “imenso a trabalhar os estampados e a perceber ainda melhor os tecidos”. “Como os posso trabalhar e modificar”, contou.

Desfile Sangue Novo – Niuka Oliveira
(Rita Chantre / Global Imagens)

Para criar a coleção que apresentou no Sangue Novo fez “um exercício de introspeção”. “Após a conclusão do curso, estava um bocado perdida. Fiz várias ilustrações, como forma de diário e terapia. Pus as ilustrações nas minhas coleções, daí ter muitos estampados e formas abstratas”, partilhou.

Nas peças usa tecidos “muito estruturados”, porque os imaginou “como se fossem uma folha de papel em branco”, onde iria desenhar “o que estava a sentir num determinado momento”.

Além de Inês Barreto e Niuka Oliveira, competiram na final do concurso Sangue Novo Çal Pfungst, Darya Fesenko e Molly98.

Os cinco tinham sido escolhidos em outubro, na 59.ª edição da ModaLisboa, entre os dez participantes do concurso dedicado aos novos talentos.

As coleções de Inês Barreto e Niuka Oliviera, criadas no âmbito dos prémios, serão apresentadas na plataforma Workstation da semana da moda de Lisboa, e os dois vencedores recebem também mentoria da ModaLisboa.