À primeira vista, este pode parecer um projeto que se dedica a ensinar as mulheres a tirarem partido da sua imagem. A definição não está errada, mas a Dress For Success é muito mais do que isto. É uma associação que ajuda mulheres a reintegrarem-se na sociedade a nível profissional e pessoal, a darem um novo rumo à sua vida. Aimagem é parte fundamental dessa reintegração e do ADN deste projeto, mas não é a única. O Delas.pt conversou com Teresa Durão, presidente da associação em Lisboa, para saber mais sobre o seu funcionamento, numa altura em que o projeto completa o seu sétimo aniversário, em Portugal, com a inauguração de um novo espaço no nº. 13 da Rua do Teixeira, em Lisboa.
A imagem como ponto de partida para o sucesso
Tudo começou em 1997, nos Estados Unidos. Nancy Lublin apercebeu-se de que muitas mulheres eram excluídas a priori nas entrevistas de trabalho para o escritório do seu pai apenas pela forma como se vestiam. A situação levou-a a perceber a importância da imagem no ramo profissional, e à consequente criação da Dress For Success. Neste momento, esta associação sem fins lucrativos está presente em mais de 150 cidades em 30 países, incluindo em Lisboa.
A aventura no nosso país iniciou-se em 2012, pelas mãos de Fernanda Machado, que liderou o projeto até 2015. Nessa altura, Teresa Durão assumiu a presidência, garantindo a continuidade e expansão deste trabalho. O que começou por ser uma associação centrada na importância da imagem para o sucesso, é agora uma rede de apoio mais completa, que engloba diferentes formações profissionais e pessoais.
“[As pessoas] vêm sempre com o conceito que lhes vão dar roupa. E esse não é o conceito. Não é dar, é criar gosto pela própria pessoa”, esclarece Teresa Durão
Uma rede de apoio em Portugal
A Dress For Success (DFS) divide-se essencialmente em quatro setores: Boutique, Programa de Liderança, Centro de Carreira e Programas de Intervenção. Além do atendimento individual, os membros da DFS fazem também ações com outras instituições, inclusive com grupos de refugiadas ou reclusas.
A Boutique é um espaço próprio, em que a imagem das mulheres é trabalhada com o auxílio de consultoras de imagem. Aqui, o objetivo é a mulher levar conjuntos de que goste e que sejam adequados ao emprego que pretende ter. Teresa Durão explica que a Boutique é um espaço mágico e surpreendente. “[As pessoas] vêm sempre com o conceito que lhes vão dar roupa. E esse não é o conceito. Não é dar, é criar gosto pela própria pessoa. E tudo o que levam daqui vai devidamente enquadrado com a personalidade, com a cultura, com a identidade”, esclarece. “Quando as pessoas saem daqui, muitas vezes levam uma esperança diferente”, remata.
Mas a confiança através da imagem é apenas uma ínfima parte do processo. Dele fazem parte também um Centro de Carreira, que apoia na elaboração de currículos ou gestão de redes sociais. É feito um plano com a pessoa no sentido de perceber se esta necessita de mais alguma formação ou o que está a correr menos bem na procura de emprego.
Há também uma vertente com Programas de Intervenção, destinados a mulheres em situação de estigma social que pretendam voltar ao mercado de trabalho. Há um apoio a nível de aconselhamento especializado que lhes permite adquirir as competências necessárias para a reinserção.
“Esta ajuda de outras mulheres tornou-me mais confiante e trouxe de volta a alegria que tinha perdido um pouco nos últimos tempos”, confessa Margarida Pimpim
Existe ainda um Programa de Liderança, o Professional Women’s Group, que se centra na empregabilidade e no empreendedorismo. Ao longo de seis meses, um grupo de mulheres é acompanhado por mentores de diferentes áreas, para melhorar competências pessoais e profissionais. Aqui as participantes são incentivadas a criar um projeto individual, que devolva à sociedade aquilo que dela receberam.
Qualquer um destes setores de atuação da DFS é trabalhado com base no princípio da igualdade de género. “Nós trabalhamos também muito as questões da igualdade, entre homens e mulheres. Tentamos instruir todas as mulheres que aqui passam pelo projeto em questão aos seus direitos e aos seus deveres, para que fique bem definido o seu papel”, refere Teresa Durão.
Dois casos de sucesso e um futuro com muitos mais
Margarida Pimpim e Diana Costa são dois exemplos de sucesso do trabalho desta associação, que refere já ter apoiado mais de 2.300 mulheres. Para Diana, a Dress For Success representou a possibilidade de seguir os seus sonhos. “Na Dress encontras pilares essenciais para que possas sempre seguir os teus sonhos com a delicadeza que uma mulher merece”, afirma.
Margarida, por sua vez, acrescenta que o apoio de outras mulheres foi importante para prosseguir esses sonhos de que Diana fala. “Conheci a Dress através de uma amiga e fiz o curso do PWG. Aí conheci outras mulheres com uma vida completamente diferente da minha e isso ajudou-me a nunca desistir. Esta ajuda de outras mulheres tornou-me mais confiante e trouxe de volta a alegria que tinha perdido um pouco nos últimos tempos. Aconselho a todas as mulheres que nunca desistam dos vossos sonhos e que corram sempre atrás deles.”
Quanto ao futuro desta associação, o objetivo passa por chegar a cada vez mais mulheres. Como frisa Teresa, “isto é um projeto feito para mulheres e por mulheres”, por isso o futuro passa por desenvolver mais programas não só para beneficiárias, mas também para sócias.
De mulheres para mulheres
Ajudar os outros também é uma forma de nos sentirmos bem connosco próprias. A DFS aceita doações de roupa em bom estado o ano inteiro e pode tornar-se sócia ou voluntária do projeto. Mas em maio há outra forma de ajudar. Trata-se de uma campanha solidária da Benefit, que durante este mês doa a totalidade das vendas de serviços de epilação de sobrancelhas. Os lucros serão repartidos entre a Dress For Sucess e a Associação Humanidades.
[Imagem de destaque: iStock]
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