É isto que acontece quando faz contacto visual com alguém, e a vida arrisca mudar!

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[Fotografia: Pexels/ Margarita Gromova]

O olhar. Quando um olhar se depara com um outro, desconhecido, no meio da multidão, o que acontece? E por que acontece? A ciência tentou encontrar uma explicação e, sem garantias, talvez ela exista. Mas porquê? Eis uma pequena resposta da ciência que eventualmente explique a razão pela qual a vida muda ou através da qual decidimos que não mudou.

 

Um estudo da Universidade de Würzburg, Alemanha, liderado pela professora Anne Böckler-Raettig, procurou encontrar ligações que expliquem as razões pelas quais processamos olhares e expressões faciais de desconhecidos, porque as valorizamos ou descredibilizamos, e como elas podem ter impacto em nós.

Segundo os investigadores, expressões de alegria e raiva podem sinalizar uma emoção orientada para a abordagem e convocam atenções quando há contacto visual. Por outro lado, quando a sensação é de recusa, como nojo ou medo, o olhar é desviado. “Conseguimos mostrar que as expressões emocionais dos rostos influenciam a forma como os olhares moldam a nossa atenção”, explica Christina Breil, primeira autora do estudo, num comunicado divulgado da universidade.

Para depurar a matéria, a equipa, que publicou o estudo no Journal of Experimental Psychology. mudou as expressões faciais neutras para emoções de aproximação ou evitação, como raiva, medo, alegria ou repulsa. Os resultados foram claros: os participantes reagiram mais rapidamente quando rostos felizes seguiram os neutros e fizeram contacto visual direto. Porém, quando a expressão facial mudou para desgosto, o tempo de reação foi mais rápido e o olhar foi desviado.

Para que a pesquisa prosseguisse, os investigadores mediram os movimentos oculares dos participantes. Os padrões desses movimentos confirmaram que os participantes olhavam por mais tempo para rostos que expressavam alegria e faziam contacto visual direto, enquanto rostos enojados que desviavam o olhar atraíam atenção mais rapidamente.

E é aqui que entra a forma como os entendemos, a mente: se processam e integram de forma rápida e eficiente tanto as expressões faciais como a direção do olhar. O processo de integração começa apenas com 200 milissegundos após o estímulo. Além disso, o estudo sugere que os olhares não são processados independentemente do contexto e têm efeitos variados, mesmo em algo tão básico como captar a atenção.

Tal significa que, para lá do contacto visual com alguém num espaço cheio de gente desconhecida, há todo um processo antecedente a ter lugar no cérebro, quase que uma escolha. Os cérebros trabalham constantemente para processar e interpretar as emoções e mensagens transmitidas através desses breves momentos de conexão.

Já num estudo anterior, a equipa concluiu que rostos neutros que olham diretamente para os observadores chamam particularmente a atenção. Os participantes foram apresentados a imagens de rostos numa imagem e tiveram que reagir rapidamente quando letras específicas apareceram nesses rostos. Os resultados mostraram que os participantes reconheciam as letras mais rapidamente quando elas apareciam num rosto que lhes estava diretamente dirigido, demonstrando o poder do contacto visual para captar a atenção.