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Empregados de loja e supermercados em maior risco de esgotamento

Percorra a galeria e veja os treze (péssimos) hábitos que desesperam qualquer empregada de loja de roupa. Ouvimos sete mulheres, em várias cadeias internacionais a operar em Portugal, e mostramos o que deve começar a evitar. [Fotografias: Shutterstock]
Ajuda: Quando uma empregada chega e pergunta ao cliente se precisa de ajuda, ele diz que não. No entanto, não para de desarrumar tudo à procura de algo. Geralmente, sabemos que é um tamanho e também sabemos que podíamos ajudar...
Trocas e devoluções: "Quando insistem em devolver algo que já foi usado ou que não está em condições para voltar para a loja. É desesperante explicar isto", refere uma das funcionárias. Em todo o caso, na maioria das vezes as peças são aceites "pelo facto de algumas lojas facilitarem tanto", acrescenta a mesma responsável, que considera que "a credibilidade da marca é que fica mais afetada".
Telemóvel: "Quer contribuinte? É para oferta? E, do outro lado, está o silêncio. Às vezes os clientes estão na conversa e ignoram-nos completamente", lamenta uma das funcionárias ouvidas. Tudo isto piora o serviço quando os colaboradores apenas querem atender o cliente com a maior eficácia.
Alarmes: Aqui está algo que não é culpa de ninguém, mas aflige toda a gente - trabalhadores e cliente. "Quando o sinal de alarme à entrada da loja é ativado, temos sempre de confrontar o cliente. É constrangedor porque, a maioria das vezes, não houve furto. Tal acontece porque o cliente já trazia uma peça do exterior (alarmes internos das peças não desativados)", afirma uma funcionária. Mas, atenção, é preciso despistar roubos, que também existem.
Casais: "Quando as mulheres vão escolher roupa com os maridos. "Aqui, é demasiado mau: Eles são quase pior que elas, no entanto, os dois conseguem ser quatro vezes pior", refere uma das empregadas. E porquê? "É que se eles têm dúvidas, elas colocam ainda mais..."
Fila: "Quando está uma fila gigante, com mais de 10 pessoas e começas a ver cabecinhas a espreitar de lado, como quem diz 'despacha-te!'. Para ajudar, há sempre aqueles mais velhos que gostam de meter conversa e que acabam por atrasar ainda mais", refere uma empregada. Portanto, não empate, por favor!
Indecisão: "Quando te pedem peças que não estão expostas em loja - e são pelo menos umas cinco, mas, no final, nada fica bem", desabafa esta colaboradora, que até compreende que esta seja uma das funções. O problema é que, uma vez recusadas as peças, elas têm de voltar ao exato sítio, dobradas ao armazém. E por tamanhos e referências.
Uma coisa de cada vez, por favor: É simples e é, no final, mais rápido. Não vale a pena encavalitar perguntas para ver se o serviço fica feito mais depressa. "Sim, podemos embrulhar. Sim, temos embrulhos. Mas deixe fechar a conta primeiro", pede uma colaboradora.
Desarrumação: "Quando estamos a dobrar as peças e vemos que um cliente, mesmo ao nosso lado, está a desfazer o lote que tinha acabado de ser arrumado, só pode ser falta de respeito pelo nosso trabalho", desabafa uma das empregadas. Este cenário só piora quando o tamanho que pretendem é mesmo o último ou quando entram a cinco minutos da loja fechar. E aqui voltamos à estaca zero.
Contribuinte: Estamos na hora de fazer o pagamento e o cliente recusa colocar o NIF. "Nós fechamos a conta, mas ele depois diz: '“Ah, afinal quero”. Toca a anular ticket e a registar novo as peças. E assim se perdem, pelo menos, dois minutos. Algo que até nem é bom para com os outros clientes, que desesperam na fila.
Educação: Sim, isto já aconteceu. "Não encontrou esta peça porquê? Sou eu que lhe pago o ordenado”. A frase é de um cliente para uma empregada. "É chato porque o cliente tem sempre a razão do lado dele, mesmo quando é mal-educado", lamenta uma das funcionárias.
A sós ou acompanhado: No provador só pode estar uma pessoa porque, em casos de furto, duas conseguem mais facilmente do que uma. No entanto, nem sempre isto acontece, o lojista tem que fazer o seu papel de “chato” e relembrar as normas.

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Um terço dos trabalhadores estão em risco de esgotamento profissional e cerca de metade queixa-se da falta de apoio dos supervisores em situações de maior stress.

Segundo um estudo da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco), que será publicado na edição de outubro da revista Teste Saúde, os profissionais em maior risco de desenvolver crises de ‘burnout’ (esgotamento) são os empregados de lojas e supermercados (43%), profissionais de saúde (não médicos, 39%) e quem trabalha em serviços administrativos (37%) ou em profissões ligadas ao ensino (28%).

10 coisas que irritam uma empregada de supermercado

No estudo da Deco, que envolveu 1.146 trabalhadores entre janeiro e fevereiro deste ano, cerca de metade dos inquiridos queixou-se da falta de apoio por parte dos supervisores em situações de stress e um em cada quatro por parte dos colegas.

Três em cada dez trabalhadores afirmaram-se emocionalmente cansados do trabalho mais de uma vez por semana e 35% revelaram sentir-se exaustos com a mesma frequência.

Em 11% dos casos, o cansaço surge todos os dias, logo de manhã, perante a perspetiva de mais uma jornada de trabalho. Diário é também o stress laboral para 14 %. Contudo, a maioria dos inquiridos considera que desempenha bem as suas funções profissionais”, refere o estudo.

“Quando a pressão se torna excessiva, difícil de gerir e se prolonga no tempo, pode transformar-se em stress crónico e afetar a vida pessoal e familiar, a saúde e, claro, o desempenho profissional”, recorda a Deco, sublinhando que “22% dos inquiridos que tomaram medicamentos para combater o stress indicaram um período mínimo de tratamento de três anos“.

De entre as explicações para o descontentamento com o trabalho, destacam-se o conteúdo das próprias funções, que os trabalhadores vislumbram como uma (im)possibilidade de progressão na carreira, e a (má) relação com os superiores hierárquicos.

Dos que sentem falta de apoio dos patrões ou supervisores em momentos de stress, 50% estão em risco de ‘burnout’. Apenas 19% dos que se dizem apoiados se encontram na mesma situação.

“De falta de auxílio, mas do departamento de recursos humanos, queixam-se 71% dos inquiridos. Destes, 47% apresentam sinais de stress crónico (quando há apoio, apenas 12% estão em risco)”, refere o estudo.

Em 77% dos casos, os inquiridos são trabalhadores ditos efetivos, isto é, com contrato a termo incerto, e três quartos trabalham total ou parcialmente na área em que se especializaram em termos profissionais ou académicos. Dos que têm formação superior, 81% exercem funções na sua área de especialização.

Contudo, recorda a Deco, “a diferença entre trabalhar ou não na área de especialização parece não se refletir nos números do ‘burnout'”: 30% dos que exercem funções na sua área estão em risco, contra 33% dos que não o fazem. Cerca de um terço dos inquiridos revelou que a profissão afeta negativamente a sua qualidade de vida e 35% afirmaram o mesmo em relação à saúde.

No entanto, segundo o estudo, quem segue um estilo menos saudável, isto é, quem fuma, consome álcool, recorre a drogas ilícitas e/ou dorme menos de seis horas por dia parece em maior perigo de ‘burnout’ do que quem tem hábitos de vida mais saudáveis.

Cerca de um quinto dos inquiridos afirmou ter tomado medidas contra o stress nos últimos cinco anos. A maioria (78%) tomou medicamentos, 55% optaram pela prática de exercício físico e 26%, pela psicoterapia.

Na falta de uma evidência forte sobre a eficácia das intervenções para prevenir e tratar o ‘burnout’, o estudo refere:”Dos empregadores, espera-se que aliviem um pouco a válvula da pressão laboral, através de ambientes mais participativos, que deem ao trabalhador maior sensação de segurança, controlo e recompensa”, e aos trabalhadores recomenda-se que identifiquem os fatores de stress e, se possível, discutam com os supervisores a possibilidade de os contornar ou tornar mais leves”, além de tentarem desempenhar atividades de que gostem fora do meio laboral.

CB com Lusa

Imagem de destaque: DR