Estereótipos e medo do julgamento: a infidelidade feminina como desigualdade

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[Fotografia: iStock]

Fruto da cultura e da estigmatização social, a traição no masculino é vista com maior normalidade do que a feminina, colocando as mulheres sob estereótipo ao qual elas próprias julgam mais e se sentem julgadas devido ao adultério.

De acordo com o estudo levado junto de cinco mil mulheres e pelo site da rede europeia de encontros extraconjugais e pensada para mulheres, a Gleeden, revela que elas admitem cada vez mais a extraconjugalidade, mas ainda muito longe do que sucede nos homens.

Em 2019, 37% revelou que o tinha feito, representando uma clara evolução face aos últimos cinco anos, com 34% a referir que o fazia. Olhando ainda mais para trás, os números são ainda mais discrepantes: 24% assumia-o em 2001 e apenas 10% em 1970.

A Gleeden, com sete milhões de utilizadores, surgiu em França em 2009 e está já presente noutros países como Itália, Espanha, na região da América Latina, e no Brasil.

Sobre os resultados no país vizinho, 76% das espanholas não duvida de que a sociedade tem um olhar mais crítico sobre a infidelidade feminina do que masculina, o que as empurra para o silêncio, com as mais velhas a sentir isso mesmo mais na pele do que as mais novas.

De acordo com a mesma análise, as mulheres sentem-se mais confortáveis a falar da doença, de problemas financeiros e até de questões sexuais com o parceiro oficial do que da infidelidade, com 64% das mulheres a assumir que não contariam um affair extraconjugal a uma irmã próxima. As melhores amigas afiguram-se como as pessoas certas para este tipo de confissões.

Sobre o conteúdo dessas mesmas confissões, há temáticas mais recorrentes do que outras. Um dos principais temas de conversa versa o tamanho do pénis. Em segundo lugar, a questão mais comentada, quando há lugar à revelação, é a qualidade dos orgasmos e, em terceiro lugar, os beijos como reflexo da química nesta relação extraconjugal.