Fumar expõe as mulheres mais à demência do que dos homens

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[Fotografia: Unsplash/Giogio Trovato]

Espere! Antes de acender esse cigarro leia as conclusões deste estudo que acompanhou 70 mil americanos ao longo de anos e que indica que os efeitos do tabaco se manifestam de forma diferente nas mulheres e nos homens, e com especial prejuízo para o sexo feminino.

Mas antes de prosseguir, é importante reter este dado nacional avançado pela associação Pulmonale: em Portugal há 5.600 novos casos de cancro do pulmão por ano e 4.700 mortes devido à doença. Mas este é apenas o efeito mais dramático desta dependência, que acentua, afinal e muito antes disso, morbilidades cognitivas, deixando as mulheres potencialmente mais voláteis.

Segundo a pesquisa levada a cabo pela plataforma norte-americana Translational Genomics Research Institute, nos EUA, e que acompanhou, cruzou e comparou dados médicos de 70 mil americanos com idades entre os 18 e os 85 anos, concluiu que o consumo de tabaco prejudica mais a aprendizagem e a memorização verbal nas mulheres do que nos homens, a partir dos 18 anos, promovendo o aparecimento de demência ou patologias associadas como a doença de Alzheimer. A mesma pesquisa, cuja síntese pode ser lida no original aqui, indicou que o consumo está mais associado a doenças cardiovasculares nos homens.

As razões para estes efeitos de género distintos ainda não estão completamente compreendidas”, alerta a médica pós-doutrada e coordenadora do estudo, Candace Lewis. “As nossas descobertas destacam a importância de considerar o sexo biológico no estudo das contribuições vasculares para a perda de funções cognitivas e a demência”, acrescenta no sumário do estudo publicado no fim do mês passado e que pode ser consultado aqui.

Mas porquê esta disparidade entre géneros e mediante os efeitos cognitivos? Estudos laboratoriais têm vindo a apontar para o facto de o cérebro feminino responder mais à nicotina do que o masculino, produzindo mais recetores cerebrais para essa molécula. Essa é uma hipótese entre muitas, porque ainda não analisamos completamente os malefícios de outras substâncias tóxicas do cigarro.

Dados nacionais

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística publicados o início do ano e referentes a 2019, quase dois em cada dez portugueses (17%) com 15 e mais anos fumava, o que representa um decréscimo de 3 pontos percentuais assinalados cinco anos antes, em 2014. Segundo o mesmo Inquérito Nacional de Saúde, 21,4% dos inquiridos apresentou-se como ex-fumador, sendo maior o número de mulheres que dizia nunca ter tocado num cigarro.

Recorde-se, porém, que um estudo de 2018 traçava um cenário negro para o sexo feminino a médio prazo. Se em 2015, o número de mulheres vítimas de cancro do pulmão tinha aumentado 15%, os investigadores afirmavam então que os números iriam continuar a subir, superando os do cancro da mama. Segundo o estudo publicado na revista Cancer Research, previa-se que até 2030 a taxa de mortalidade entre as mulheres, por cancro do pulmão, aumentasse até 43%, enquanto o cancro da mama tivesse um decréscimo em torno de 9%.

“Embora tenhamos feito grandes progressos na redução global da mortalidade por cancro da mama, as taxas de mortalidade por cancro do pulmão entre as mulheres, estão a aumentar em todo o mundo”, referiu, à data, o professor Jose M. Martínez-Sánchez, um dos investigadores da pesquisa e diretor do Departamento de Saúde Pública, Epidemiologia e Bioestatística na Universitat Internacional de Catalunya (UCI Barcelona).

De volta ao mesmo estudo do INE, baseado numa amostra representativa de 22 mil 191 lares nacionais, perto de metade dos consumidores fumava, em média, dez cigarros por di.

Ano e meio de guerra contra as beatas resultaram em 61 autos

Um ano e nove meses após a entrada em vigor da lei das beatas, que prevê coimas até 250 euros para quem lançar pontas de cigarro para a via pública, foram levantados 61 autos, revelou à Lusa a PSP.

Em vigor desde 03 de setembro de 2019, a lei que sucedeu ao projeto de lei apresentado pelo PAN e aprovado pela larga maioria do parlamento determinando a proibição do lançamento de pontas de cigarros, de charutos ou outros dejetos derivados de tabaco ou similares para a via pública, prevê coimas que vão de 25 a 250 euros.

Na resposta à Lusa e aludindo ao quadro geral definido pela da Lei 88/2019 sobre o “descarte de pontas de cigarro e, em particular, no que concerne ao descarte em espaço público de pontas de cigarros, charutos ou outros cigarros contendo produtos de tabaco”, a PSP contabilizou 61 autos.

Desse total, discrimina a informação disponibilizada, 30 dos autos foram elaborados em 2020, não havendo informação relativa a 2019, ano da entrada em vigor da lei.

Por distrito, Lisboa (22) foi onde houve mais registos, seguido de Santarém (10), Braga (8), Porto (7), Ilha de São Miguel, nos Açores, (4), Coimbra e Leiria (3), Aveiro (2) Portalegre e Vila Real (1), informa ainda a PSP. A PSP não mencionou o valor das coimas.