Grace Coddington: a nova vida da ex-diretora criativa da ‘Vogue’

Dez meses depois de ter abandonado o cargo de diretora criativa da edição norte-americana da revista ‘Vogue’, Grace Coddington lança agora ‘Grace: The American Vogue Years’, um livro em que relata os momentos mais fascinantes, as produções mais marcantes e os bastidores do seu trabalho na publicação liderada por Anna Wintour.

Coddington, 75 anos, assumiu em janeiro passado a posição de diretora-geral da ‘Vogue’ norte-americana, cargo esse que acumula com a gestão de projetos ligados ao mundo da moda e das marcas de luxo na agência Great Bowery, que também a representa.

A galesa, que começou por ser manequim aos 17 anos, mas cujos rebeldes cabelos ruivos só se tornaram mediáticos por “culpa” do documentário de 2007 ‘The September Issue’, que acompanhava os trabalhos de preparação da edição mais importante do ano da ‘Vogue’ norte-americana, conta, em entrevista ao site Business of Fashion, como o mercado editorial da moda mudou ao longo das últimas três décadas.

Recordando os primeiros tempos da sua carreira como produtora de moda, ainda na ‘Vogue’ britânica, no final da década de 1960, Coddington explica que, à época, havia “o luxo do tempo”. “Tínhamos espaço para desenvolver e expandir ideias”, conta. “Uma sessão fotográfica fora de estúdio podia chegar a demorar três semanas; mesmo em estúdio podiam ser três ou quatro dias”, explica a atual diretora geral da ‘Vogue’.

“Hoje em dia tudo tem de ser rápido por causa dos orçamentos. Atravessamos uma época muito difícil para as revistas. Competir com coisas que são muito imediatas, como blogues e sites, é quase impossível. Uma revista de moda demora entre dois a três meses a ser criada. E as celebridades já usaram tudo antes sequer da revista chegar às bancas”, explica a mulher que foi, ao longo de três décadas, o braço-direito da diretora da revista, Anna Wintour.

Coddington fez do mundo editorial a sua vida, a sua paixão. Apesar de uma breve passagem pela Calvin Klein, em 1986, rapidamente percebeu que era nos estúdios fotográficos, a construir fantasias a partir de peças de alta-costura e pronto-a-vestir, que se sentia feliz e realizada. Daí a ligar a Anna Wintour foi um passo.

“Acho que tudo o que fiz na ‘Vogue’ fi-lo de forma séria mas não sem humor. Tens de te divertir mesmo quando estás a trabalhar arduamente. Isso reflete-se nas fotografias e, quando as pessoas folheiam uma revista de moda, não querem chorar: querem sorrir. E, embora gostem de ser surpreendidas, não querem ficar chocadas ou enojadas. Fico feliz quando vejo pessoas a olhar intensamente para uma fotografia, desconstruindo os elementos. Gosto de construir surpresas nas minhas fotografias. Nem toda a gente repara nelas mas eu sei que elas estão lá”, revela.

Desde que assumiu o cargo de diretora geral da revista de moda detida pelo gigante editorial Condé Nast, Coddington tem também feito alguns trabalhos de publicidade freelance. É da sua responsabilidade, por exemplo, a revitalização da imagem da marca de joalharia Tiffany and Co.. Lançou também um perfume em parceira com a marca Comme des Garçons, intitulado Grace by Grace Coddington.

 

“Esta nova fase da minha vida é extraordinariamente interessante. Permite-me ter tempo para fazer todo o tipo de coisas que ansiava há muito tempo, como os meus desenhos, os livros e outros projetos como o meu perfume”, relata Coddington, acrescentando: “Desfrutei de cada minuto que passei na ‘Vogue’ mas nunca poderia fazer todas as coisas que posso fazer agora. É bom para mim estar desperta e aprender coisas novas”.