Jogadoras de futebol vão poder candidatar-se a bolsas entre os 930 e os 1200 euros

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Apresentação da Liga BPI Futebol Feminino época 2023/2024, na sede do BPI em Lisboa, e anúncio das 20 bolsas a atribuir a atletas [Fotografia: Álvaro Isidoro / Global Imagens]

O prazo de candidatura e de avaliação está aberto até 15 de outubro a todas as jogadoras que integrem equipas da Liga BPI Feminina de Futebol e o processo está aberto a 20 vagas e a todas as áreas de investigação.

As bolsas de estudo a atribuir resultam de uma parceria entre a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), o banco BPI, patrocinador da competição, e a Fundação ‘La Caixa’, num anúncio que foi feito na tarde de quinta-feira, 14 de setembro, no Edifício All In One, em Lisboa, em véspera de arranque da temporada feminina de Futebol que, este ano, dará acesso a dois lugares na Champions.

À margem da apresentação, a diretora executiva da Direção de Comunicação, Marca e Sustentabilidade do BPI, Constança Macedo, explica à Delas.pt que “as bolsas à atribuir de três ou dois anos, consoante licenciatura ou mestrado, têm os mesmos valores que são praticados pela Fundação para Ciência e Tecnologia (FCT)”. Ora, consultando o site da entidade, olhando para os valores atualizados para 2023 e para bolsas de investigação para licenciado e mestre, o valor pecuniário do apoio a uma licenciatura é de 930, 98 euros e de um mestrado é de 1 199,64 euros.

A verba será concedida já a partir deste ano letivo 2023/24, prevendo-se a possibilidade, segundo referiu a mesma responsável ao nosso site, de poder estar a pagamento “possivelmente em novembro”.

“São bolsas de estudo destinadas a todas as atletas dos 12 clubes que compõem a Liga BPI, que podem concorrer e tentar entrar na faculdade, licenciatura ou pós-graduação”, explicou a diretora para o futebol feminino da FPF, Mónica Jorge.

Futebol, Mónica Jorge [Fotografia: Álvaro Isidoro/Global Imagens]

Diretora executiva da Direção de Comunicação, Marca e Sustentabilidade do BPI, Constança Macedo, e a diretora para o futebol feminino da Federação Portuguesa de Futebol, Mónica Jorge [Fotografia: Álvaro Isidoro/Global Imagens]
Segundo o patrocinador da Liga, a atribuição da bolsa baseia-se “no mérito académico” das atletas e pretende “encorajar as jogadoras da Liga BPI que queiram seguir percurso formativo em simultâneo com a carreira desportiva”, de forma a “ultrapassarem os desafios financeiros ou logísticos que possam encontrar, ajudando a abrir novas perspetivas na vida das jogadoras”.

A seleção será feita por um júri composto por elementos da FPF cujos nomes não foram ainda revelados. Quanto aos critérios de atribuição, a entidade fala em “mérito e aproveitamento estabelecidos num regulamento público”.

Apoiar quem quer seguir no futebol e não dispõe dos meios

“Há vários anos que encontramos situações muito complexas, nem todas as jogadoras têm estruturas familiares com margens financeiras para apoiar as atletas. Para que isso mude, são necessárias ferramentas, apoiar quem quer seguir no futebol e não dispõe dos meios”, afirmou Mónica Jorge durante o debate que teve lugar nessa tarde de quinta-feira e subordinado ao tema O futebol como motor social da Igualdade. A dirigente federativa crê que com este apoio, pode haver lugar para “uma carreira dual” apoiando a “mulher como agente de transformação social e cultural”.

Para a comentadora e embaixadora da Liga BPI, Ana Teixeira, o desporto tem sido a voz da mudança no mundo e na forma como as mulheres são percecionadas nesta área.

[Fotografia: Álvaro Isidoro / Global Imagens]
Ana Teixeira [Fotografia:
Álvaro Isidoro / Global Imagens]

“Creio que pode mostrar o caminho, dar a conhecer carreiras, mulheres de sucesso, pode criar oportunidade – ou seja, como se faz para lá chegar e isso tem de ser feito por quem está na liderança e no processo de decisão – e pode trazer respeito e reconhecimento”, afirmou no debate.

Teixeira crê que as bolsas “podem ajudar a reter talento e apoiar muitas jogadoras que não conseguem conciliar os estudos com a exigência de uma Liga de futebol”. Por outro lado, pode ser “a resposta para mudar mentalidades de alguns pais” que podem ter aqui a possibilidade de “o futebol poder estar lado a lado com a educação”, deitando por terra angústias de eventuais maus resultados académicos.

Recorde-se que na edição da Liga BPI desta época vão participar 12 equipas: Sporting, Braga, Benfica, Famalicão, Valadares Gaia, Damaiense, Racing Power Seixal, Marítimo, Torreense, LANK Vilaverdense, Albergaria e Ouriense.