José Alberto Carvalho pede desculpa por comentário sobre Miss Portugal

José Alberto Carvalho conduziu a gala
José Alberto Carvalho conduziu a gala

Há cinco dias, José Alberto Carvalho e Miguel Sousa Tavares comentaram, no Jornal Nacional, da TVI, que não casariam com Marina Machete, modelo transgénero que venceu o concurso Miss Portugal e vai representar o país em El Salvador, no certame Miss Universo.

Na noite de segunda-feira, 30 de outubro, o pivô e jornalista José Alberto Carvalho pedia desculpa pelos comentários proferidos. “Uma atitude irrefletida que cometi na quinta-feira passada, 26 de outubro, na última vez que estive neste estúdio, abalou, para algumas pessoas essa relação [de confiança] de uma forma que não pretendi, que não defendo e que não corresponde ao que sou, por uma questão importante: estava em causa uma pessoa, chama-se Marina Machete, a vencedora do concurso Miss Portugal”, disse José Alberto Carvalho no final do Jornal Nacional.

Recorde-se que tudo começou com um comentário de Miguel Sousa Tavares que, no espaço de comentário, declarou: “Não foi ela que ganhou o concurso, foi uma operação – ou várias – de cirurgia plástica e medicina molecular. É por isso que foi eleito. O juri apreciou o resultado de sucessivas operações plásticas que correram bem e tratamentos moleculares ou celulares. E é esse o resultado”, explicou Miguel Sousa Tavares, antes de lançar uma questão ao pivô: “Tu casavas-te com esta mulher?”.

José Alberto Carvalho acabou por responder. “Não, não. De todo. E tu também não…”, atirou. “Eu também não”, confirmou Miguel Sousa Tavares.

Marina Machete mulher trans trangénero Miss Portugal Universo El Salvador

[Fotografia: Instagram/Marina Machete]“Penalizo-me e peço desculpa se algum comportamento meu, ainda que não intencional, possa ter contribuído para isso em relação a ela, à sua família e aos seus amigos. Não o sinto e não o desejo”, afirmou ainda o pivô, acrescentando: “Todas as pessoas devem procurar a sua felicidade, isso é verdade para a Marina Machete, como é verdade para qualquer um”.

A eleição de Marina Machete para Miss Portugal não se revelou consensual, por se tratar de uma mulher transgénero, e depois das críticas públicas de Joana Amaral Dias, Catarina Furtado deu a sua opinião e visou a psicóloga. Recentemente, foi a atriz Maria Vieira.

A polémica começou publicamente depois de um artigo de Joana Amaral Dias no Diário de Notícias, da qual destacou uma frase. “Um homem ganhou o concurso de Miss Portugal. Um homem disfarçado de mulher, ou mascarado, ou operado. Mas um homem. Alguém que nasceu com os cromossomas XY e que, por mais estética que aplique, por mais cirurgias a que se submeta, morrerá XY. Nunca, mas nunca, será uma mulher, uma XX”.

Em entrevista ao Jornal de Notícias”, Marina Machete afirmou que não esperava uma repressão tão grande da sociedade portuguesa após a coroação, a 5 de outubro, que se dividiu ante o facto de ser transgénero. “Honestamente, pensava que, no nosso país, as mentalidades já estavam um bocadinho mais ajustadas à realidade a nível mundial”, afirma. Agora, espera que o seu caso “leve as pessoas a pensarem e a conversarem, aos poucos, para desmistifcar um bocadinho o que é nascer com disforia de género”.

A concorrente revela que não disse inicialmente que era trans. “Não houve um momento em que eu contei. Havia uma ficha técnica que eu tive de preencher, qual era a minha ação social, o que eu defendia e qual a minha história de vida. Foi nesse momento que eu transmiti à organização que eu era a Marina, mas também era uma mulher trans[género]”, revela na mesma entrevista. “Portanto, eu fui nomeada finalista para o Miss Universo Portugal sem contar”, acrescenta.