Júris com desigualdade de género na atribição de apoios à cultura, alerta associação

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[Fotografia: Pexels/Neda Kekil]

A associação MUTIM – Mulheres Trabalhadoras das Imagens em Movimento lamentou a “significativa disparidade de género” nos júris que vão decidir este ano a atribuição de apoios financeiros no cinema e audiovisual.

“Embora exista paridade relativa entre jurados e juradas nos concursos no seu todo – 56% de homens e 44% de mulheres -, 14 concursos têm uma maioria de homens jurados, quando apenas 5 concursos possuem uma maioria de mulheres juradas”, exemplificou a associação em comunicado.

Os concursos de apoio financeiro, atribuídos pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), abriram na terça-feira, 20 de fevereiro, com um orçamento de 29,6 milhões de euros a repartir por vários programas, da produção de filmes e séries à distribuição e exibição em sala de cinema, passando ainda pelo apoio à promoção internacional de cinema português.

A atribuição dos apoios financeiros é feita mediante decisão por vários coletivos de júris, cuja constituição é feita pelo ICA e homologada pela tutela da Cultura.

Segundo o regulamento, os jurados são escolhidos por serem “personalidades com reconhecido currículo, capacidade, idoneidade e com manifesto mérito cultural e competência” para desempenhar aquela função.

A MUTIM alerta que, “em alguns dos mais importantes concursos de apoio à produção”, como primeiras obras de longa-metragem de ficção, os júris são compostos por quatro homens e uma mulher.

E “apenas dois concursos serão avaliados por júris compostos por quatro juradas e um jurado”: o de curtas-metragens de animação para cinema e o de produção de obras audiovisuais e multimédia em animação.

Para aquela associação, que representa mulheres que trabalham em cinema e audiovisual em Portugal, a atribuição de financiamento ao setor “não pode continuar a perpetuar a desigualdade que o caracteriza”.

“A diversidade dos jurados que avaliam os seus concursos, a nível de género, idade, classe, origem geográfica e cor, deve ser uma prioridade do ICA, aliás destacada nos estudos preparatórios do seu plano estratégico 2024-2028”, afirmou a MUTIM.

Este novo plano estratégico ainda não foi tornado público pela tutela. O anterior plano estratégico para o cinema e audiovisual diz respeito ao período 2014-2018.

A associação MUTIM foi criada em 2022 e conta, entre os seus objetivos, combater a desigualdade de género, dar mais visibilidade às mulheres e proporcionar mais oportunidades laborais.

LUSA