Ksenia Sobchak perde para Putin, mas garante que a luta continua

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Foi apresentada como uma das mulheres que poderia fazer frente a Vladimir Putinnestas eleições presidenciais que tiveram lugar no domingo, 18 de março. Porém, a jornalista Ksenia Sobchak, de 36 anos, natural de São Petersburgo e a terceira mulher a participar em presidenciais na história da Rússia, garantiu apenas 1,59%, num sufrágio que entregou ao atual presidente reconduzido o seu maior resultado de sempre.

Esta repórter que começou a sua carreira televisiva como apresentadora de programas de entretenimento ficou, ainda assim, à frente de outros quatro candidatos presidenciais – correram sete – e que não ultrapassaram a barreira do 1%.

Ksenia Sobchak [Fotografia: Facebook]

Ksenia Sobchak pode não ter conquistado os melhores resultados, mas esta mulher tem já em marcha a constituição de uma estrutura partidária, Partido da Mudança, anunciado dias antes do sufrágio.

“Queremos ter uma vida normal. Não permitiremos que o nosso futuro nos seja roubado. Estamos a unir-nos em torno do Partido da Mudança para que estas alterações possam vir a ter lugar”, afirmou aquando do anúncio da formação do partido.

Cerca de 110 milhões de russos, cerca de 67,4% dos eleitores recenseados, foram chamados às urnas para umas presidenciais definidas como “transparentes” pela Comissão Eleitoral Central, mas que, de acordo com a oposição, ficaram assinaladas por numerosas irregularidades. Somam-se os relatos de episódios de comida com descontos para quem votasse, múltiplos votos de apenas um eleitor, pessoas com balões a esconder câmaras de videovigilância nos locais das urnas.

Contas feitas, o presidente russo obteve a reeleição por mais seis anos, com 76,67% dos votos, constituindo maior resultado de sempre. Esta votação histórica, que supera o que garantiu nas presidenciais de 2004, vai permitir-lhe permanecer no poder até 2024.

Crimeia e principais cidades russas do lado de Putin

O líder do Kremlin recebeu mais de 90% dos votos em cinco regiões ou repúblicas, incluindo a Crimeia, que celebrou no domingo, 18 de março, o quarto aniversário da anexação russa e cujos habitantes participaram pela primeira vez numa eleição presidencial. Putin também superou os 70% de apoio nas principais cidades do país, Moscovo e São Petersburgo, tradicionais bastiões da oposição mais radical ao Kremlin.

Na sua primeira comparência perante os ‘media’ após proclamar a vitória, Putin negou que esteja a ser “de momento” equacionada uma revisão da Constituição para prosseguir no poder dentro de seis anos. “Isso significaria que vou estar aqui até aos 100 anos? Não”, disse.

Antes, Putin tinha proclamado a sua vitória eleitoral durante uma celebração ao ar livre perto do Kremlin. “A Rússia está condenada ao êxito. Devemos manter a unidade”, disse perante milhares de pessoas concentradas na Praça do Manezh, apesar dos 12 graus negativos da noite moscovita.

Putin, 65 anos, agradeceu às dezenas de milhões de pessoas que votaram na sua candidatura e que permitiram a sua reeleição para um quarto mandato. “Muito obrigado pelo apoio. Muito obrigado pelo resultado. Vós sois a nossa equipa e eu sou membro da vossa equipa e todos os que votaram hoje formam a nossa grande equipa nacional”, disse. O líder da Rússia venceu as primeiras eleições em março de 2000, três meses após ter recebido o poder de Boris Ieltsin, o primeiro presidente eleito num escrutínio democrático após a dissolução da URSS.

O segundo candidato mais votado no domingo foi o milionário comunista Pavel Grudinin (12,05%), seguido pelo ultranacionalista Vladimir Zhirinovski (5,85%).

CB com Lusa

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