Luís Borges encerrou ModaLisboa com diversidade, pérolas grandes e gangas

46320099_BINARY_GI12032023RITACHANTRE330
Desfile de Luis Borges para a Call Me Gorgeous na moda Lisboa outono/inverno 2022/23 [Fotografia: Rita Chantre / Global Imagens]

Assumindo-se como alguém que “gosta de surpreender e não fazer mais do mesmo”, Luís Borges encheu a ModaLisboa, este domingo, 12 de março, com muita cor, diversidade, pérolas grandes, acrílicos e muita ganga. Big bang, o tema da sua nova coleção de outono/inverno, retrata essa mesma explosão.

Desfile de Luis Borges para a Call Me Gorgeous na moda Lisboa outono/inverno 2022/23 [Fotografia: Rita Chantre / Global Imagens]
De manequins negros e transgénero a modelos XXL e com 1.60 metros de altura, representatividade foi a palavra de ordem da noite e era algo que o designer e diretor criativo procurava. “Há sempre aquela conversa de que “devem ter manequins mais baixos, por exemplo”, mas depois isso não se vê na passerelle e quando abri o casting queria realmente ter o maior número de modelos a desfilar na passerelle que fossem reais, o que aconteceu. Acho que quando temos voz e somos figuras públicas, temos de passar isso para a passerelle. Tive pessoas diferentes, com muita atitude e que estavam felizes. Queriam que sentissem exatamente assim e acho que é muito importante vermos esta diversidade na passerelle, e não só lá fora.”

Sobre continuar a adotar esta tendência nas próximas coleções, o também modelo garante: “Enquanto der, vou continuar a ter manequins negros, porque quando comecei eram poucos os que havia e na ModaLisboa não existiam quase nenhuns. Hoje em dia, graças ao Luís Pereira – que já tem muitos anos e também fez o casting comigo – há muitos e acho que é muito importante continuar a ver esta realidade na passerelle.”

Desfile de Luis Borges para a Call Me Gorgeous na moda Lisboa outono/inverno 2022/23 [Fotografia: Rita Chantre / Global Imagens]
Marcada por uma coleção colorida, brilhante e diversificada, a sala foi invadida por várias peças em ganga e branco como vestidos, calças, saias e casacos. Ao nível dos acessórios, reinaram as pérolas exageradas, os acrílicos e os clássicos B’s, este último que Luís Borges confessa ser imprescindível na sua marca e no seu dia-a-dia. “Às vezes, estou num dia menos bom e não me apetece ir jantar. Ponho o brinco e penso “wow”. Não consigo explicar, mas acho que dá aquele toque. Acho que fica bem em qualquer pessoa e com qualquer coisa se use.” Sobre a aposta em gangas, explica que procurou “soluções mais cool” com “pérolas e cores”. Não é fácil conseguir chegar a um equilíbrio. Estava na cama e pensei “quero usar tudo em ganga”.

 

Quero que as pessoas possam ver “olha os acessórios do Luís Borges dão para usar com Ganga” e que sintam “olha dá para ir para a praia com isto”. Quero que percebam que se pode usar em todo o lugar.” Já no que toca aos acessórios, assume que foi também a pensar no campo de visão de quem assistia ao desfile. “Apliquei os acrílicos e as pérolas exageradas, porque quando comecei a marca tinha os colares fininhos de pérolas e toda a gente gostou, mas, hoje em dia, quando me fizeram o convite para fazer ModaLisboa, percebi que as minhas peças tinham de ser exageradas, porque numa passerelle um colar fininho quase não se vê. Além disso, são uma tendência e era algo que já queria fazer antes”, detalha.

A par do habitual desfile de roupa e acessórios, o último dia da semana de moda de Lisboa também ficou marcado por performances. O desfile arrancou com a exibição de Eubrite, uma das figuras mais conhecidas da Baixa Chiado, que entrou na passerelle de patins ao som do tema Boss Bitch de Doja Cat, com a palavra Gorgeous escrita em azul no cabelo, deixando a multidão em furor.

Também a cantora Nenny, que esteve presente junto de bailarinos, não deixou ninguém indiferente com sua a atuação. “A Call Me Gorgeous não faz um desfile, faz um espetáculo. Fazer um desfile de acessórios é muito difícil, porque é preciso pensar muito para se conseguir que os acessórios se destaquem devido à roupa”, afirmou.

“A Nenny veio de uma ideia antiga que tinha. É uma artista fantástica, tem 20 anos e faz parte da nova geração que vai crescer imenso. Adoro as músicas dela, a vibe e acho que fazia sentido estar no desfile. Acho que se viu o power dela a cantar na atuação.” A estas personalidades, juntam-se também nomes conhecidos do público que marcaram presença enquanto manequins como a futebolista Jéssica Silva e o irmão Ivandro, Ana Marta, de 64 anos, que fez a primeira ModaLisboa e icons da comunidade LGBT+: Cyber Tokyo, Lexa Black e Lola Herself.