As angústias, os medos e as esperanças. Os ideais, a fé e a desilusão. E a luta pela sobrevivência num mundo desfeito e onde a igualdade e união não estão ao alcance de todos. É neste mundo pós-apocalíptico que se centra a ação de ‘3%’, a primeira série original brasileira da Netflix disponibilizada esta sexta-feira na plataforma de streaming.
Alcançar a paz de espírito é difícil, mas é possível. Pelo menos para três por cento da população sobrevivente, habitante do chamado “Continente”, um lugar interior, miserável e decadente, onde alimentos, água e energia são uma miragem. Todos eles querem passar para o outro lado, para o “Mar Alto”. Aqui, tudo é abundante.
Para isso, terão de atingir os 20 anos e de se submeter ao “Processo”, que testa as capacidades psicológicas, os pontos fortes e fracos dos concorrentes enquanto os confronta com dilemas morais. O senão? Apenas 3% dos participantes vão ser aprovados.
Realizado por Cesar Charlone, nomeado para um Óscar da Academia de Hollywood pelo filme ‘Cidade de Deus’, de 2002, a série é inspirada numa webserie escrita e produzida em 2009 por Pedro Aguilera. “Acho que o argumento tem muito a ver com a nossa visão política do que é a sociedade em que vivemos”, disse Aguilera ao jornal brasileiro ‘O Globo’.
“O tema da meritocracia é típico da nossa sociedade e vai durar décadas. É um problema que está por aí faz algum tempo e não vai ser resolvido agora” (Pedro Aguilera)
O elenco é composto por João Miguel, Bianca Comparato, Michel Gomes, Rafael Lozano, Rodolfo Valente, Vaneza Oliveira, Viviane Porto e conta com a participação especial de Mel Fronkowiak, Sérgio Mamberti e Zezé Motta.
‘3%’ é a primeira aposta da Netflix na ficção brasileira. Em declarações ao mesmo jornal, o diretor de conteúdos da plataforma, Ted Sarandos, disse querer investir mais neste mercado e não apenas em séries mas também em longas-metragens. “Há poucos filmes brasileiros a viajar para fora do Brasil e alcançar uma audiência global. Olhamos para isso como uma oportunidade”, explicou o responsável. Entretanto, a Netflix adquiriu os direitos de distribuição do filme ‘Aquarius’, de Kleber Mendonça Filho.