Quem passar, a partir de hoje, pela loja do MAAT vai encontrar muito mais do que os cadernos, lápis, canecas e as T-shirts da praxe. O Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia de Lisboa, premiado internacionalmente pela sua arquitetura (da responsabilidade da britânica Amanda Levete), acaba de lançar a sua primeira coleção de joalharia portuguesa, numa parceria com a Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal (AORP).
Sob o nome Portuguese Jewellery X MAAT, esta iniciativa contou com a colaboração de nove designers portugueses, que concorreram ao concurso aberto e foram selecionados posteriormente pelo museu. Ana Pina, Dalila Gomes Joana Santos, Kathia Bucho, Vanessa Pires (Vangloria Jewellery Design), Kathia Bucho, Leonor Silva, Maria Avillez, Sara Coutinho (Mater Jewellery Tales) e Romeu Bettencourt foram os escolhidos para cumprir o desafio: desenhar jóias inspiradas pela arquitetura do MAAT, mas também pela zona envolvente.
O resultado são nove peças muito diferentes, entre os 170 e 600 euros, entre as quais estão três anéis em prata, (um dos quais com elementos em plaqué ouro); um pendente, dois colares (um em prata dourada), três pares de brincos (em prata, prata dourada e de espigão em prata) – veja as imagens na fotogaleria acima.
As jóias estão à venda na loja do MAAT, onde também está a decorrer uma exposição rotativa dedicada aos nove designers. Cada criador ocupará a montra durante dois meses, até janeiro de 2020. Neste momento pode conhecer o trabalho de Kathia Bucho, que desenhou um dos anéis inspirados pela sala oval do museu.
A diversidade das jóias reflete também o percurso diferente de todos os designers. É o caso de Leonor Silva, uma das participantes da Portuguese Jewellery X MAAT. Licenciada em História e Mestre em Direito, Leonor iniciou a sua formação na joalharia há apenas cinco anos, criando em 2017 a sua marca própria – Leonor Silva Jewellery.
Nestes últimos anos, Leonor tem desenvolvido o seu trabalho a partir do ateliê na Oficina Oito, Alameda Afonso Henriques, função que acumula com o papel de joalheira residente do MAAT. “Vou frequentemente ao MAAT, pelo que sabia exatamente as formas que queria explorar. Para mim foi imprescindível trabalhar uma linguagem clara e inequívoca entre a minha peça e o edifício do ateliê de arquitetura Amanda Levete”, explicou ao Delas.pt sobre a sua peça Where the World Touches You, um anel em prata e plaqué de ouro, inspirado pela “delicadeza das formas do edifício MAAT a tocarem no mundo suspenso (…), numa aliança tão sólida como o Tejo na nossa História”.
Um percurso muito diferente de Sara Coutinho, que trabalha com joalharia há 15 anos, dos quais os últimos três foram passados a trabalhar na marca própria, a MATER. Sara fez duas visitas físicas ao museu (e muitas virtuais) para criar M, o par de brincos que refletem o Museu, a Maré e o MAAT. “Os brincos tomam a forma de dois azulejos. Um representa o museu, o outro o seu reflexo, ambos com movimento das ondas”, conta sobre a sua criação, inspirada pela proximidade com o Tejo.
Também Romeu Bettencourt refletiu sobre o “movimento do rio e as ondulações que simbolizam a passagem e os barcos que se fazem ao mar” para criar um colar em prata dourada que transparece “a exuberância do edifício sobre o Tejo”. “É constituído por duas partes que têm linhas, criando um efeito de ilusão ótica, numa alusão à tecnologia e à contemporaneidade”. O designer açoriano trabalha com joalharia desde que completou a sua formação, em 2010, e prepara-se para abrir um ateliê no arquipélago onde nasceu. Conheça todos os designers desta coleção exclusiva do MAAT na fotogaleria acima.