Mapa global da ONU mostra que em 2019 só um em cada cinco ministros é mulher

Em média, no mundo, apenas um em cada cinco ministros, é mulher, revela o novo mapa da ONU, ‘Mulheres na Política’, apresentado na reunião da 63ª. sessão da Comissão do Estatuto da Mulher, a decorrer até 22 de março, em Nova Iorque.

O mapa mostra os rankings globais das mulheres nos executivos governamentais, por países, à data de janeiro deste ano, e aponta, apesar de tudo, a consistência de trajetória de subida. Face a 2017, no número de ministros do sexo feminino aumentou 2,4%, em termos gerais – a percentagem de mulheres à frente de ministérios, em todo o mundo, situa-se agora nos 20,7%, o equivalente a 812 ministras num universo de 3922.

Este mapa segue-se à divulgação da análise do número de deputadas nos parlamentos, que também evidencia uma subida, ainda que menos pronunciada. São 24,3% de mulheres nos parlamentos mundiais, o que representa uma subida de quase 1%, por comparação com 2017. Também o número de porta-vozes parlamentares aumentou ligeiramente (0,6%), chegando, em 2019, aos 28,2%.

África e América latina lideram progressos e Europa de Leste retrocede

De acordo com o novo mapa divulgado pela ONU Mulheres, a Etiópia foi o país que registou um maior aumento de mulheres no governo, passando de uma representação de 10%, em 2017, para 47,6%, em 2019. Outro dos países que se destaca é o México, que fez um dos maiores progressos no continente americano, com as últimas eleições. Com mais cinco ministras, o país subiu a sua representação feminina ministerial de 26,3% para 42,1%.

Na Ásia, é o Paquistão que se destaca pela positiva. O país outrora liderado por Benazir Bhutto – primeira mulher a chefiar um governo num estado muçulmano – passou da total ausência de ministras, em 2012, para a maior quota de mulheres até à data nas pastas do governo: 12%.

Em contrapartida, em alguns países da Europa de Leste assistiu-se a um retrocesso. Curiosamente, é na Lituânia, país presidido por uma mulher, Dalia Grybauskaitė, que se verifica a maior ausência de mulheres ministras de 2017 para cá. O governo deixou de ter pastas tuteladas por membros femininos, quando naquele ano tinha três, num total de 14 ministérios que compunham a formação de então (o correspondente a 21,4% do total de ministros). A Lituânia junta-se à Arábia Saudita, Iraque, Azerbaijão, Papua Nova-Guiné ou Tailândia, no grupo dos países que não têm qualquer mulher ministra,

A Eslovénia é outro dos estados que se destaca pela negativa. A percentagem de mulheres à frente de ministérios caiu para metade, da paridade total (50%) para um quarto (25%).

Na Ásia, as Filipinas também apresentam uma descida, passando de 14,7% para 10,3% e o Japão passou de três para apenas uma mulher ministra, num total de 19 pastas ministeriais, o que dá uma representação de 5,3% na chefia feminina das tutelas governativas nipónicas.

Mais mulheres nas pastas importantes, mas menos nas lideranças dos países

O mapa revela ainda uma mudança nas pastas ministeriais tuteladas por mulheres. Apesar de, num total de 1412 pastas, as das mulheres continuarem a ser sobretudo ligadas aos assuntos sociais (108) ou à família, crianças e idosos (107), a pasta da indústria e do comércio está, pela primeira vez, no top 5 dos ministérios tutelados por mulheres. E pela primeira vez, desde 2012, as pastas do emprego e trabalho, tuteladas por ministros do sexo feminino voltaram a estar no mesmo top.

A informação faz notar ainda que, desde 2017, há mais mulheres nos ministérios tradicionalmente ocupados por homens, como na Defesa (mais 30%), nas Finanças (mais 52,9%) e nos Negócios Estrangeiros (13,6%).

Por outro lado, o número de mulheres na liderança dos governos registou uma queda, de 7,2% de chefes de estado eleitas para 6,6%, o que em termos numéricos representa 10 mulheres lideres em 153 países. Também os cargos de primeiro-ministro se escrevem ligeiramente menos no feminino, por comparação com 2017, passando de 5,7% para 5,2%, ou seja, 10 mulheres em 193 chefes de executivos.

Na galeria, em cima, veja os países que têm mais mulheres ministras no governo.

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