Marielle: um luto e uma luta que Portugal vai evocar hoje

É nesta segunda-feira, 19 de março, às 18h30, na Praça Luís de Camões, em Lisboa, que tem lugar a homenagem a Marielle Franco, a ativista assassinada a 14 de março. Esta é uma iniciativa cívica – criada pelas, entre outras, Femafro, Corações com Coroa de Catarina Furtado, SOS Racismo ou Capazes – que se junta ao voto de pesar e condenação expresso pela Assembleia da República, na sexta-feira, 16 de março. Uma posição clara do Parlamento português que exprime, desta forma, “a mais veemente condenação pela violência e pelos crimes políticos e de ódio que aumentam de dia para dia no Brasil”.

“Marielle Vive: Assassinaram Marielle Franco mulher, negra, mãe e cria da favela da Maré, socióloga e vereadora no Rio de Janeiro”, lê-se na página de Facebook que está a promover e a liderar este encontro que já conta com mais de nove mil interessados e dos quais grande parte são figuras públicas. Entre as personalidades que admitiram vir a juntar-se ao protesto contam-se nomes da política, da televisão, do jornalismo, da cultura.

Ana Catarina Mendes, Ana Gomes, Assunção Cristas, Catarina Martins, Edite Estrela, Isabel Moreira, Joana Mortágua, Leonor Beleza, Mariana Mortágua, Maria de Lurdes Rodrigues e Marisa Matias são alguns dos nomes desta lista divulgada por Rita Ferro Rodrigues, fundadora das Capazes. Mas, para lá dos rostos políticos, estão nomes como o de Leonor Beleza, o da apresentadora Bárbara Guimarães, os das atrizes Diana Chaves, Filomena Cautela, Inês Herédia, Jessica Athayde, Maria João Bastos, Maria Rueff ou Paula Lobo Antunes. Capicua, Gisela João, Cristina Branco, Teresa Salgueiro, Blaya e, entre outras, Raquel Tavares e Aldina Duarte são algumas das vozes que se vão juntar às de escritoras como Dulce Maria Cardoso, Lídia Jorge, Maria Teresa Horta e Tatiana Salem Levy e às das jornalistas Clara de Sousa, Anabela Mota Ribeiro, Leonor Xavier, Maria Elisa Domingues e Pilar del Río.

Marielle Franco [Fotografia: Facebook]

“Feminista e combatente antirracista brasileira, opositora da violência policial contra o povo das favelas”, diz ainda o mesmo texto. Na galeria acima, recorde as lutas travadas por esta mulher e que lhe custaram, agora, a vida, num assassinato cujas balas pertenciam, segundo noticiado, a um lote comprado pela polícia brasileira.

Mas nem só na capital haverá concentrações. Estão previstas manifestações frente ao Consulado do Brasil, no Porto (18h30), nas Escadas Monumentais de Coimbra (18h00), no Pelourinho, na Covilhã (18h00), no Chafariz de Braga, em Braga (18h30) ou na Praça Marques de Pombal, em Aveiro (também às 18h30).

Na galeria acima, recorde algumas imagens dos protestos que levaram milhares de brasileiros às ruas em absoluta condenação pelo assassinato da ativista e luto pela perda de uma voz dura da contestação da sociedade.

Uma dor sentida dentro e fora de portas do Brasil

No domingo, 18 de março, 300 elementos da comunidade brasileira no Canadá tinham condenado o homicídio. Concentrados junto à Câmara Municipal de Toronto, pediram justiça no caso do assassinato da vereadora Mariella Franco. “Queremos que o povo brasileiro acorde, que lute pela batalha de Marielle. Uma luta por um país igual, sem preconceito, que as vidas tenham o seu valor. Esta é a mensagem, continuar a luta de Marielle Franco”, disse à agência Lusa, Rosana Antler, uma das promotoras da vigília.

Marielle Franco, de 38 anos, a quinta vereadora mais votada no Rio de Janeiro nas eleições de 2016, “foi morta a tiros dentro de um carro” conduzido por Anderson Pedro Gomes, que também foi baleado e morreu. Uma assessora da vereadora, eleita pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), foi atingida por estilhaços e transportada para o hospital. A autarca tinha participado no início da noite num evento denominado “Jovens Negras Movendo as Estruturas”.

Imagem de destaque: EPA

As lutas que levaram Marielle Franco à morte