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Material (muito importante) para levar na mochila emocional

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Na bancada da cozinha, vão-se juntando folhetos com as várias promoções de material escolar. Entre mochilas, cadernos coloridos e marcadores de vários feitios, estão já sublinhados os que são precisos e as preferências de cada um deles. Escrevem-se listas, que serão comparadas às que se recolheram na escola para que, uns dias antes do primeiro dia, esteja tudo organizado… ou, pelo menos, quase tudo pois já se sabe que até ao fim do mês vai haver mais pedidos.

Os mais velhos organizam tudo sozinhos, na véspera e de preferência, em cima da hora. Só para manter aquela adrenalina de pisar o risco. Os mais novos, normalmente, com a ajuda dos pais, têm tudo pronto, com redobrado carinho e entusiasmo, alguns dias antes. Há uma expectativa crescente do reencontro de amigos, de conhecer professores, de rever caras e descobrir novas amizades. Ao contrário das crianças, os jovens, mesmo que, com aparente indiferença a este frenesim, sentem uma ansiedade mais controlada mas mesmo assim nota-se o entusiasmo, com que vão deixando escapar, uma ou outra observação.

Seria então de esperar que o assunto mochila estivesse arrumado. Contudo, há uma espécie de mochila que não se tem em conta. A mochila das expectativas, dos medos, das vergonhas, dos sucessos e insucessos passados, das experiências mais ou menos felizes com professores e amigos. Uma mochila que tem muitas vezes um peso excessivo, que tanto alegra como pode assombrar o arranque dos anos escolares. Para essa mochila não há promoções porque são tão individuais, como as cabeças pensantes e as costas que as carregam. Por esse mesmo motivo, pretende-se que, para lá do espaço a ocupar por livros e cadernos, haja também espaço para outras coisas, tão importantes como tudo o que faz parte da tal lista de material escolar.

Por isso, neste novo ano escolar, juntem-se às canetas e cadernos, a construção de competências de valorização pessoal, a dose certa de experiências de sucesso passadas, a certeza do erro fazer parte do processo e encare-se a escola, como apenas mais um espaço, onde se requer esforço continuado e empenho diário.


Sobre a autora: Ana Bela Lopes trabalha como psicóloga educacional e formadora nas áreas da psicologia, há quase duas décadas. Formadora do Alto Comissariado para as Migrações, no âmbito da Bolsa de Formadores. Gestora do Projeto Pais que Respiramporque acredita na aventura de se ser Pai com as pequenas imperfeições… perfeitas. É autora do blog Penso Rápido.