O ator e guionista brasileiro, Miguel Falabella, está seriamente a pensar em converter a sua casa de sempre, no Rio de Janeiro, no Brasil, num centro cultural para crianças da favela. A revelação foi feita ao Delas.pt, à margem da conferência de imprensa do lançamento do filme Sai de Baixo, em Portugal, cuja estreia está prevista para esta quinta-feira, 23 de maio.
“Tenho uma casa enorme. Aliás, tinha. Saí de lá porque a favela está a chegar à porta da minha casa e já não a consigo vender, não consigo fazer nada com ela”, começou por explicar o ator e autor. “Acho que vou fazer um centro de cultura para as crianças da favela. Como já não consigo fazer nada com ela e é muito caro manter aquela casa…”, refere, sem avançar datas concretas para o projeto.
O outrora “paraíso” de Itanhangá faz atualmente fronteira com o Morro do Banco, na cidade do Rio de Janeiro. “Era um paraíso quando comprei, nos áureos tempos, mas a favela vai chegar à minha porta e a prefeitura [autarquia] até já me avisou disso”.
Para Falabella, o Brasil vive tempos complicados, mas também presencia “um momento em que descobrimos uma força impressionante”. Por isso, há temas prioritários que têm de ser abordados, e mais do que nunca. “Temos de falar desta imensa desigualdade que não conseguimos sanar, temos de falar dessa brutalidade que é o sistema no Brasil. Nós continuamos uns esclavagistas, as pessoas não têm cultura”, refere.
E prossegue: “Há milhares de milhões de pessoas cujo futuro é um escombro, e desde que nasceram. Não têm para onde ir, não têm escola, não têm saúde, não têm acesso a nada. Por exemplo, eu quebrei essa cadeia porque paguei a educação de todas as crianças dos meus empregados, esta foi a forma que eu encontrei de quebrar essa realidade”, revela.
Leia mais na entrevista a Miguel Falebella e Marisa Orth, protagonistas de Sai de Baixo (a popular série brasileira dos anos 2000 e que chega agora em filme) que será publicada ainda esta semana, em Delas.pt.
Recorde-se que a série está a ser reexibida no canal Globo Portugal aos domingos, às 17.25 horas.
Imagem de destaque: Lionel Balteiro/Arquivo Global Imagens
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