Morreu Jane Birkin. Cantora de ‘Je t’aime moi non plus’ tinha 76 anos

FILES-FRANCE-CINEMA-MUSIC-BIRKIN-OBIT
[Fotografia: MYCHELE DANIAU / AFP]

A cantora e atriz britânica Jane Birkin morreu este domingo, 16 de julho, aos 76 anos, depois de desenvolver praticamente toda a sua carreira artística em França, apesar de ter estado algum tempo afastada devido a problemas de saúde.

O canal BFMTV, citado pela agência Efe, revelou, com base em fontes próximas da artista, que Jane Birkin foi encontrada morta em casa, em Paris.

A artista, que esteve em Portugal em 2017 para protagonizar o espetáculo Gainsbourg Sinfónico no Anfiteatro ao Ar Livre do Jardim Gulbenkian, estava há algum tempo afastada dos palcos, embora tenha voltado pontualmente ao trabalho após sofrer um acidente vascular cerebral, em 2021. Em março passado, cancelou durante dois meses os seus concertos, voltando a cancelar, no final de maio, novos espetáculos agendados.

Nascida em Londres a 14 de dezembro de 1946, Jane Birkin era filha de um militar e de uma famosa atriz inglesa, Judy Campbell, pelo que teve contacto direto com o cinema desde a infância.

Os seus primeiros papéis foram em dois filmes premiados no Festival de Cinema de Cannes: Le Knakck de Richard Lester, em 1965 e, acima de tudo, Blow-Up de Michelangelo Antonioni, em 1967.

Em 1968 fixou residência em França, onde conheceu o cantor Serge Gainsbourg, com quem viveu uma história de amor, que resultou em alguns títulos que causaram sensação e ocasionais escândalos, sobretudo com um dueto que fez história: Je t’aime moi non plus, de 1979.

Jane Birkin continuou também a sua carreira de atriz, primeiro com papéis cómicos como em La moutarde me monte au nez ou La course à l’échalote.

Embora o casal Birkin-Gainsbourg se tenha separado em 1980, o compositor e cantor escreveu para ela um dos seus álbuns de maior prestígio três anos depois, Baby Alone in Babylone, com o qual foi premiada com um disco de ouro, algo que voltou a alcançar com Arabesco, em 2002.

Muito depois da morte de Serge Gainsbourg, em 1991, e apesar de adversidades como a morte da filha Kate, em 2013, Jane cantou sempre a obra daquele com quem formou um mítico casal nos anos 70.

Foi só depois dos 40 anos, em 1987, que se estreou nos palcos, no Bataclan, em Paris, seguindo-se o Casino de Paris e o Olympia.

Em 1999, lançou seu primeiro disco sem Gainsbourg, com canções escritas para ela por cantores e compositores franceses, como Françoise Hardy ou Alain Souchon.

Em 2008, surgiu o primeiro álbum do qual escreveu todos os textos: “Enfants d’hiver”.

O mesmo aconteceria em 2020, com “Oh! Pardon tu dormais”, disco criado com o compositor e intérprete francês Etienne Daho.

Os problemas de saúde obrigaram-na a interromper temporariamente a carreira em 2012 devido a uma pericardite aguda que a obrigou a descanso.

Em 2017, foi a própria quem contou que se estava com uma leucemia.

Segundo a agência France-Presse, Jane Birkin será sempre a inglesa favorita dos franceses, inseparável de Serge Gainsbourg, de quem foi musa e embaixadora. “Quando vejo os franceses ouvirem canções de 40 anos, sei que fazem parte da história deles. Mas também fazem parte da minha”, afirmou a artista em “Diários de Munkey”, publicado em 2018.

Apaixonada por marcas (existe até a bolsa Birkin na Hermès), a artista também se envolveu em questões humanitárias e ecológicas.

LUSA