Mortes por cancros da mama, vulva e do endométrio vão quase duplicar em 25 anos

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[Fotografia: Pexels/Arthouse Studio]

Os números são alarmantes e estes são apenas os tumores que, entre os que incidem sobre órgãos femininos, mais vão crescer em matéria de óbitos nas próximas duas décadas e meia. O cancro de mama registou uma mortalidade de 670 mil mulheres em 2022, podendo atingir o milhão e 100 mil em 2050, segundo dados da Agência Internacional de Pesquisa em Cancro (IARC) da Organização Mundial da Saúde e que foram revelados esta quinta-feira, 1 de fevereiro.

No mesmo relatório, as estimativas apontam para um aumento da mortalidade por cancro do endométrio de 97 mil e 700 mulheres, em 2022, para 183 mil e 100 para 2050. No caso do cancro da vulva, os cálculos indicam uma subida das 18 mil e 600 mortes para as 37 mil e 300 dentro de 25 anos.

Olhando para outros tumores que atingem as mulheres, o cancro do colo do útero também escala a uma velocidade vertiginosa, devendo subir dos 348 mil e 200 mortes para as 541 mil e 800 perdas de vidas, já o do ovário crescerá dos atuais 206 mil e 800 para 351 mil em 2050, indica o documento revelado em vésperas do dia mundial do Cancro, que se assinala a 4 de fevereiro.

Dados que se somam a um relatório global que volta a colocar o tumor pulmonar como aquele que é mais frequente e que indica um aumento generalizado de todos os tipos de cancros em 77% em 25 anos, no mundo. “A magnitude (da doença) está a subir”, afirmou Freddie Bray, chefe do departamento de vigilância do cancro da IARC.

O rápido crescimento da carga global de cancro reflete, segundo a OMS, o envelhecimento e o crescimento da população, bem como as alterações na exposição das pessoas a fatores de risco, muitos dos quais associados ao desenvolvimento socioeconómico.

“O tabaco, o álcool e a obesidade são fatores-chave por detrás do aumento da incidência do cancro, sendo a poluição atmosférica ainda um fator-chave dos fatores de risco ambientais”, conclui a organização.

Apesar dos progressos, a OMS alerta para as disparidades significativas nos resultados do tratamento do cancro, não apenas entre regiões de alto e baixo rendimento do mundo, mas também dentro dos países, avisando que “o local onde alguém mora não deve determinar se ele mora” e que “os números mostram urgência”.

A OMS lembra as ferramentas que já existem para permitir que os governos priorizem os cuidados oncológicos e garantam que todos têm acesso a serviços de qualidade e a preços acessíveis.

“Esta não é apenas uma questão de recursos, mas uma questão de vontade política”, defendeu, na mesma conferência de imprensa, o chefe da União Internacional para o Controlo do Cancro, Cary Adams.

Questionada pelos jornalistas sobre a relação da doença da covid-19 com o aumento de novos casos de cancro, nomeadamente por falta de exames de deteção precoce, a vice-chefe do departamento de vigilância do cancro da IARC, Isabelle Soerjomataram, disse que “foi mínimo” o impacto de mortes neste período e que foi “menos do que o esperado”, mas sem adiantar dados ou mais pormenores.