Mulheres continuam arredadas do trono do Japão, mesmo com crise de sucessão

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Princesa Aiko, filha do imperador japonês Nahurito, arredada da sucessão [Fotografia: Yuichi Yamazaki / POOL / AFP]

Um painel governamental manteve o sistema de sucessão imperial apenas masculino do Japão, apesar da Família Imperial Japonesa ter um número cada vez menor de homens.

O relatório, apresentado ao primeiro-ministro Fumio Kishida na quarta-feira, 22 de dezembro, propõe soluções para garantir que haja potenciais sucessores em número suficiente, como através da adoção de homens solteiros por parte de algumas das 11 famílias potenciais herdeiras.

Outra das medidas propostas é que as mulheres mantenham o seu estatuto se casarem com um homem fora da Família Imperial japonesa, noticia a agência AP.

Qualquer uma destas propostas exigiria uma revisão da Lei da Casa Imperial de 1947, que preserva amplamente os valores anteriores à Segunda Guerra Mundial. Este painel não abordou a questão da viabilidade do atual sistema de sucessão exclusivamente masculino.

Com a prática de concubinas [mulheres que engravidavam de imperadores para darem à luz filhos nomeáveis para o trono] agora abandonada, o tamanho da Família Imperial diminuiu para 17 e o imperador Naruhito tem apenas dois sucessores possíveis, o seu irmão mais novo, Akishin, ou o seu filho adolescente, Hisahito, além do seu tio, com 86 anos, o príncipe Hitachi.

A sua filha Aiko não é elegível para herdar o Trono de Crisântemo e segundo a lei atual ela deixa de pertencer à Família Imperial se casar com um plebeu, como sucedeu com o seu primo Mako, que se casou com uma namorada que conheceu na universidade no mês passado.

O relatório refere que este não é o momento apropriado para discutir quem irá suceder a Hisahito, que é ainda um adolescente, segundo noticiou a televisão pública NHK.

O primeiro-ministro Fumio Kishida aceitou as recomendações do painel e agradeceu a “discussão bem equilibrada” sobre um assunto “extremamente importante e difícil que envolve a fundação da nação”. Kishida revelou ainda que irá apresentar o relatório ao Parlamento para posterior análise.

A discussão sobre a sucessão imperial acontece há já 20 anos.

Em 2005, perante uma possível crise de sucessão, um painel de especialistas propôs que quer homens quer mulheres da realeza, na linhagem materna, pudessem ascender ao Trono de Crisântemo, mas esta sugestão enfrentou uma forte oposição de conservadores.

A proposta acabaria rejeitada pelo governo conservador do então primeiro-ministro Shinzo Abe, um ano após o nascimento de Hisahito, em setembro de 2006, o primeiro nascimento de um homem na linhagem real em 40 anos.

Lusa