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Mulheres na rua em protesto contra acórdão

Percorra a galeria e saiba onde pode protestar contra o polémico acórdão em torno da violência doméstica [Fotografia: Shutterstock]
Lisboa, sexta-feira, 27 de outubro: A UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta está a organizar uma concentração de protesto, na Praça da Figueira, em Lisboa, às 18h00, contra a fundamentação de uma decisão do Tribunal da Relação do Porto num caso de violência doméstica. O protesto conta com a participação do movimento feminista POR TODAS NÓS. [Fotografia: Shutterstock]
Porto, sexta-feira, 27 de outubro: “Machismo não é Justiça, é crime” é o mote do protesto que decorre das 18h00 às 20h00, na Praça Amor de Perdição (nos jardins da Cordoaria). A escolha do local não é ao acaso uma vez que foi ali, em frente à cadeia da Relação, que esteve presa Ana Plácido, acusada de adultério pela relação que manteve com o escritor Camilo Castelo Branco, no século XIX. O grupo organizador intitula-se “Parar o Machismo, Construir a Igualdade”.[Fotografia: Shutterstock]
Coimbra: A cidade dos estudantes também se juntou a Lisboa e Porto no protesto contra o acórdão e o que os ativistas designam de machismo na Justiça. A concentração está marcada para as 18h, na Praça 8 de Maio. [Fotografia: Shutterstock]

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A polémica está decididamente instalada e, com ela, a indignação. Com o objetivo de não deixar cair no esquecimento o acórdão do tribunal da Relação do Porto que vem confirmar a legitimação do uso da violência doméstica sobre uma mulher quando ela é adúltera, são várias as associações que querem manifestar-se contra esta decisão judicial.

Por isso, na galeria acima é possível ficar a saber onde e a quem pode juntar a sua voz para combater este tipo de sentenças. Todas as vozes deverão fazer-se ouvir na próxima sexta-feira, 27 de outubro.


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Leia as frases mais chocantes deste acórdão de 22 páginas


Tribunais devem promover “igualdade entre homens e mulheres”

A Associação Portuguesa de Mulheres Juristas (APMJ) relembrou que os Tribunais, como órgãos do Estado, devem garantir “os direitos e liberdades fundamentais” e promover “a igualdade entre homens e mulheres”.

“E os que impõem que os Tribunais, como órgãos do Estado, garantam os direitos e liberdades fundamentais e o respeito pelos princípios do Estado de Direito democrático, assim como promovam a igualdade entre homens e mulheres (…) bem como garantam o princípio da laicidade do Estado”, recordou a APMJ.

Na nota enviada, a associação “quer reiterar o seu entendimento que todas as decisões judiciais se devem mostrar conformes aos comandos constitucionais atinentes ao exercício da função jurisdicional”.

A associação relembra ainda que os “Tribunais devem também respeitar os imperativos que decorrem dos compromissos internacionais assumidos pelo Estado Português“.Para tal, recorreu à Convenção sobre a Eliminação todas as Formas de Discriminação contra as e à Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica para exemplificar os compromissos internacionais adotados.

Acórdão “naturaliza e desculpabiliza” ações violentas, diz Plataforma de Mulheres

A Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres, que se deverá juntar à UMAR e à Associação portuguesa de Apoio à Vítima numa queixa conjunta a apresentar junto do Conselho Superior de Magistratura, considerou que o acórdão judicial que minimiza a violência doméstica contra uma mulher, alicerçado em censura moral, “naturaliza e desculpabiliza” ações “extremamente violentas”.

A entidade salientou que “é evidente” a violação dos Direitos Humanos das mulheres naquela decisão judicial, através do qual o coletivo de juízes entendeu que um determinado comportamento sexual praticado por uma mulher e um homem, no contexto de uma relação extraconjugal, pode ser fundamento legitimador para o comportamento físico, mental e emocionalmente violento por parte deste para com ela.

Não é tanto pela acusação que a plataforma se indigna, mas antes pelo teor do acórdão, sublinhando que os factos a que se reportam são “extremamente violentos e não mereciam tamanha desconsideração”.

CB com Lusa

Imagem de destaque: Shutterstock