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Mulheres no centro das comemorações do 25 de Abril

‘Raparigas de Gaza – Exposição de Fotografia’ : A programação arranca com o trabalho da premiada fotojornalista Monique Jaques sobre jovens mulheres que crescem na Faixa de Gaza. Desde 2008 que a fotógrafa tem vindo a registar muitos dos grandes acontecimentos no Médio Oriente, focando o seu olhar nas mulheres e crianças e desconstruindo ideias preconcebidas sobre a relação entre o feminino e o islamismo. Esta mostra que traz a Lisboa é composta por mais de 20 fotografias construída especialmente para o espaço público. De 6 a 30 de abril, na Alameda dos Oceanos, no Parque das Nações.
'Elas também estiveram lá – quotidianos de resistência e de revolução de mulheres' – Teatro : “No processo revolucionário que ensaiou novas formas de organização e ação política,não sabemos onde estavam, ou em que livros de história se fixaram, mas vemo-las nas fotografias de manifestações, nos filmes e documentários da época”. É daqui que parte esta criação do Teatro do Vestido, com direção de Joana Craveiro, que leva o público a passear entre a Avenida da Liberdade e a “sala da censura” do Cinema São Jorge. De 13 a 21 de abril, às 21h ( dias 13, 17, 18, 19 e 20), e às 19h (dias 14, 15 e 21). Entrada livre limitada à lotação do espaço.
‘Festival Política – Humor como Forma de Combater o Racismo’: A humorista Cátia Domingues parte do seu trabalho para explicar como é possível desmontar o preconceito recorrendo ao riso, numa época em que as redes sociais e as caixas de comentários se revelam um palco para a intolerância e o discurso de ódio. Dia 19 de abril às 18h, no Cinema São Jorge.
‘Festival Política - Minas do Futebol’: Em 2016, por não existirem campeonatos de sub-13 feminino em São Paulo, a equipa do A.D. Centro Olímpico propôs-se participar num campeonato masculino, a “Copa Moleque Travesso”. E contra a expetativa da maior parte das equipas, o grupo valorizou-se e passou da fase de grupos às semi-finais, até chegar à final. Mas ser campeãs é apenas o começo desta história contada pelo realizador Yugo Hattori. Dia 19 de abril, às 17h30, no Cinema São Jorge.
‘Festival Política – Sessão Racismo e Imigração’: “4242”, de Sara Eustáquio, é uma interpretação cinematográfica de Uma história verídica, a partir de um poema escrito por uma adolescente que deixa a sua pátria, família e amigos para viver noutro país algures na Europa. [Fotografia: Shutterstock]
‘Festival Política – Que Integração para a Comunidade Cigana?’ Co-organizado pela associação É Apenas Fumaça, este debate propõe-se refletir sobre os problemas de integração que afetam esta comunidade marginalizada. Uma das problemáticas em discussão será condição feminina nas comunidades ciganas e sobre o papel da mulher cigana enquanto veículo de mudança. Dia 21 de abril, às 18h30, no Cinema São Jorge. [Fotografia: Shutterstock]
‘25 de Abril – Dias da Memória’: No dia que assinala a Revolução dos Cravos, o Museu do Aljube – Resistência e Liberdade também festeja o seu terceiro aniversário. Entre as iniciativas marcadas para celebrar as duas datas, estão os ‘Dias da Memória’, para a partilha de testemunhos e objetos de antigos reclusos políticos, e a dramatização de Joana Brandão baseada em entrevistas a mulheres presas pela PIDE, com o nome ‘Coragem Hoje, Abraços Amanhã’. Dia 25 de abril, das 10h às 19h, no Museu do Aljube.

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As comemorações do 25 de Abril, promovidas pela empresa municipal de cultura de Lisboa, a EGEAC, têm, este ano, um foco feminino. As mulheres estão no centro de uma vasta programação, que vai ocupar vários espaços da capital do país, ao longo do mês de abril.

Contrariar o esquecimento a que muitas vezes as mulheres são votadas no contexto dos grandes acontecimentos históricos, “mesmo na história do 25 de Abril“, e dar voz e rosto às suas memórias é o objetivo deste conjunto de iniciativas públicas, como explica em entrevista ao Delas.pt, a presidente do Conselho de Administração da EGEAC, Joana Gomes Cardoso.

“Associamos [esta data] mais a figuras masculinas do que femininas e, no entanto, sabemos que houve muitas mulheres que tiveram um papel importantíssimo na resistência e na própria revolução e quisemos – visto que esta é uma programação que de alguma forma complementa as comemorações oficiais do 25 de Abril – dar um enfoque particular às mulheres criadoras e à temática das mulheres.

Nesta programação, há iniciativas diretamente relacionadas com a Revolução dos Cravos, mas também outras que trazem uma abordagem feminina dos direitos mais abrangente no tempo e na geografia.

É o caso da exposição que dá início ao conjunto de atividades, ‘Raparigas de Gaza: Crescer em Gaza’, da fotojornalista premiada Monique Jaques. A mostra, que estará patente, de 6 a 30 de abril, na Alameda dos Oceanos, no Parque das Nações, reúne mais de 20 fotografias que retratam a vida das jovens mulheres que crescem na Faixa de Gaza, na Palestina.

Partindo da “ideia dos valores de Abril”,a EGEAC preparou “uma programação atual sobre questões de cidadania, de política, num sentido lato”. “É uma programação sobre direitos humanos, e dentro dos direitos humanos parece-nos que os direitos das mulheres são uma parte importante, atual e relevante”. Das mulheres como protagonistas, às mulheres criadoras, as comemorações culturais da cidade abrangem outras questões, como o racismo, a integração de comunidades imigrantes e marginalizadas ou as temáticas LGBT, com iniciativas dedicadas no extenso rol de atividades previstas.

“Se, por um lado, a programação olha para o passado e para a memória, é uma programação que também quer pensar o presente e o futuro”, sublinha Joana Cardoso.

Para falar da memória dos dias de resistência, pré-25 de Abril, e dos dias da Revolução, no feminino, há dois eventos que se destacam, dentro da programação. A peça ‘Elas também estiveram lá – quotidianos de resistência e de revolução de mulheres’, uma criação do Teatro do Vestido, com direção de Joana Craveiro, no Cinema São Jorge, de 13 a 21 de abril, e ‘Coragem Hoje, Abraços Amanhã’, uma dramatização de Joana Brandão, baseada em entrevistas a mulheres presas pela PIDE, no dia 25 de abril, no Museu do Aljube.

“A Joana Craveiro trabalha muito as questões de memória e trabalhamos regularmente com ela a partir dos teatros municipais e partiu da ideia da Sala da Rank, que existe ao lado do Cinema São Jorge, que nós recuperámos e abrimos pela primeira vez ao público o ano passado. É uma sala que julgamos ter sido usada para efeitos de censura”.

O convite a Joana Craveiro juntou essas memórias com o desafio de as tratar a partir do olhar das mulheres e o resultado foi uma reconstituição, a partir de documentários e fotografias da época, dessas “vozes perdidas, anónimas” mas “participantes em tudo”, dando conta de uma multiplicidade de retratos da mulher portuguesa, que são também um espelho do presente, ou de como chegámos até aqui”, refere a programação.

Coragem Hoje, Abraços Amanhã’, de Joana Brandão parte de entrevistas a mulheres presas pela PIDE, durante o Estado Novo. Testemunhos que não aparecem tantas vezes como outros, mais conhecidos, noutros meios de divulgação.

“O objetivo da programação é sempre um pouco esse: seja através de espaços que abrimos na cidade, seja através da programação em si, de dar a conhecer algo diferenciador”, conclui Joana Cardoso.

Na fotogaleria, em cima, pode ver algumas iniciativas, no feminino, que vão decorrer em Lisboa, ao longo deste mês de abril.

Imagem de destaque: Ilustração de Evelina Oliveira