Esta quarta-feira, 18 de outubro, assinala-se o Dia Europeu de Luta Contra o Tráfico de Seres Humanos e os dados mais recentes da ONU não são animadores, sinalizando 63,2 mil pessoas, em 106 países, como vítimas de tráfico.
Segundo os mesmos dados, referentes a 2014, 71% das pessoas traficadas em todo o mundo eram mulheres, na sua maioria traficadas para fins de exploração sexual. Na Europa, a proporção não é muito diferente. De acordo com Movimento Democrático de Mulheres (MDM), mais de 76% das vítimas de tráfico são mulheres e 15% crianças.
Para que estes números não caiam no esquecimento, a organização inaugura esta quarta-feira a exposição ‘Tráfico de Mulheres – Escravatura dos Tempos Modernos’ e estreia da peça de teatro ‘ Mulheres Tráfico’, no Armazém 22 em Vila Nova de Gaia.
O espetáculo tem uma sessão às 19h, para público escolar, e outra às 21h30, para o público em geral seguido de depoimentos sobre esta situação em Portugal.
MDM quer que vítimas de tráfico tenham mais tempo para cooperar com autoridades
Para assinalar a data, e no âmbito do III Plano Nacional de Prevenção e Combate ao Tráfico de Seres Humanos 2014-2017, também a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) apresenta uma campanha de sensibilização sobre o fenómeno, que tem como mote a mensagem:”Não te cales”.
Tráfico de pessoas em Portugal aumentou em 2016
Segundo os dados avançados pelo Observatório de Tráfico de Seres Humanos (OTSH), esta entidade detetou, em Portugal e no ano passado, 264 presumíveis vítimas de tráfico de seres humanos. De acordo com o relatório, 229 são adultas e, destas, 172 são do sexo masculino, estimando-se que a prática seja para exploração laboral. As restantes 57 poderão ser presumíveis vítimas do sexo feminino e apontadas sobretudo para o tráfico para fins de exploração sexual.
Apesar disso, o mais recente Relatório de Tráfico de Seres Humanos /Trafficking In Persons Report (da autoria do Departamento do Estado dos EUA), datado de junho último 2017, considera que Portugal “tem cumprido largamente os requisitos mínimos exigidos nesta matéria” e sublinha os “esforços sérios e sustentados no aumento de investigações em curso, processos, condenações e vítimas identificadas”. Mas deixa recomendações que passam pelo reforço da proteção de mulheres e crianças.