
A cantora P!nk está a oferecer livros nos concertos e preparou dois mil exemplares de quatro obras que foram banidas das escolas norte-americanas. A iniciativa ocorre precisamente na Florida, estado norte-americano que está a bater todos os recordes em matéria de proibição de livros, que só naquela região já representa 40% das interdições nacionais registadas entre 2022 e 2023, num total de aumento de 33% em apenas um ano.
Nesta parceria com a PEN America, P!nk distribuiu, nos seus concertos em Miami, livros que abordam temas e géneros como escravidão, diversidade das famílias, mulheres na tecnologia e poesia. Na lista estão, então, Beloved, de Toni Morrison, The Family Book, de Todd Parr, Girls Who Code, de Reshma Saujani, e a impressionante poesia de Amanda Gorman, poema escrito e lido na tomada de posse do presidente Joe Biden, The Hill We Climb.
“Como mãe de dois jovens leitores, não consigo imaginar deixar outra pessoa decidir o que meus filhos podem ou não ler”, afirmou a cantora na sua rede social Instagram, plataforma onde revelou a parceria para o donativo de exemplares de livros interditos. “Por isso é que, esta semana, nos meus concertos em Miami e Sunrise, na Florida, estou a fazer uma parceria com PEN America e booksandbooks para distribuir livros proibidos aos primeiros mil fãs que os quiserem em cada espetáculo”, explicou.
Recorde-se que, segundo estudo da organização publicado em setembro, a “esmagadora maioria” das proibições visam livros sobre raça ou racismo ou que apresentem “personagens de cor”, bem como livros com personagens LGBTQ+.
Em 2023, “os livros proibidos também incluem temas sobre abuso físico, saúde e bem-estar, e temas de luto e morte. Notavelmente, a maioria dos casos de proibição de livros afeta livros para jovens adultos, livros de ensino médio, capítulos ou livros ilustrados – livros escritos e selecionados especificamente para públicos mais jovens”, refere a organização, com sede em Nova Iorque.
“Leis estaduais punitivas, juntamente com a pressão de cidadãos e grupos locais e nacionais, criaram dilemas difíceis para os distritos escolares, forçando-os a restringir o acesso aos livros ou a arriscar sanções para educadores e bibliotecários”, sustentam os autores do estudo, destacando que 87% das proibições foram registadas em locais onde existe uma filial de “um grupo de defesa nacional conhecido por defender a censura de livros”.
Os dados indicam ainda que 63% das proibições ocorreram em estados onde a legislação “facilitou diretamente a proibição de livros ou criou condições para grupos locais pressionarem e intimidarem educadores e bibliotecários para que removessem livros”.