Censura? EUA proíbe mais 1557 livros nas aulas e bibliotecas públicas

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[Fotografia: Pexels/Peter Olexa]

A liberdade de ler está “sob ataque” nos EUA, segundo a PEN América, que registou 3.362 casos de proibição de livros em salas de aulas e bibliotecas públicas no ano letivo 2022/2023, mais 33% face ao ano anterior.

“Essas proibições eliminaram o acesso dos estudantes a 1.557 títulos de livros exclusivos, obras de mais de 1.480 autores, ilustradores e tradutores”, lê-se num relatório da entidade fundada em 1922, segundo o qual os autores mais visados são frequentemente “mulheres, pessoas de cor e/ou indivíduos LGBTQ+”.

A organização fala num “clima crescente de censura”, que priva crianças e jovens do contacto com livros e novas ideias, na senda de campanhas coordenadas por uma minoria e, “cada vez mais”, como resultado da pressão da legislação estatal.

Mais de 40% das proibições de livros ocorreram no estado da Flórida. “Em 33 distritos escolares, a PEN América registou 1.406 casos de proibição de livros na Flórida, seguidos por 625 proibições no Texas, 333 no Missouri, 281 no Utah e 186 na Pensilvânia”, de acordo com os resultados apresentados.

“A retórica hiperbólica e enganosa sobre ´pornografia nas escolas´ e materiais ´sexualmente explícitos´, ´prejudiciais´ e ´inapropriados para a idade´ levou à remoção de milhares de livros que cobriam uma variedade de tópicos e temas para o público jovem”, lê-se no documento publicado ‘online’.

A “esmagadora maioria” das proibições visam livros sobre raça ou racismo ou que apresentem “personagens de cor”, bem como livros com personagens LGBTQ+.

“E este ano, os livros proibidos também incluem livros sobre abuso físico, saúde e bem-estar, e temas de luto e morte. Notavelmente, a maioria dos casos de proibição de livros afeta livros para jovens adultos, livros de ensino médio, capítulos ou livros ilustrados – livros escritos e selecionados especificamente para públicos mais jovens”, refere a organização, com sede em Nova Iorque.

“Leis estaduais punitivas, juntamente com a pressão de cidadãos e grupos locais e nacionais, criaram dilemas difíceis para os distritos escolares, forçando-os a restringir o acesso aos livros ou a arriscar sanções para educadores e bibliotecários”, sustentam os autores do estudo, destacando que 87% das proibições foram registadas em locais onde existe uma filial de “um grupo de defesa nacional conhecido por defender a censura de livros”.

Os dados indicam ainda que 63% das proibições ocorreram em estados onde a legislação “facilitou diretamente a proibição de livros ou criou condições para grupos locais pressionarem e intimidarem educadores e bibliotecários para que removessem livros”.

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