Portugueses gastam mais dinheiro em livros, mas podem não estar a ler o que compram

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[Fotografia: Pexels/Rahul Pandit]

Os portugueses gastam cada vez mais dinheiro em livros, segundo um estudo da APEL, que ressalva que muitas dessas compras são feitas na época do Natal para oferecer e podem não significar mais leituras.

O valor gasto em livros tem vindo a aumentar nos últimos anos: Em 2022 terá rondado os 210 milhões de euros e, este ano, prevê-se um novo crescimento, agora a rondar os 6% e os 7%, revelou Pedro Sobral, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL). Ora, contas feitas, estimam-se 223 milhões e 650 mil euros gastos em literatura.

“62% dos portugueses compraram livros no último ano”, de 2022, disse Pedro Sobral, durante o I Encontro O Plano Nacional de Leitura no Ensino Superior, que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

No entanto, o presidente da APEL alertou para o facto de este crescimento poder não ser sinónimo de mais livros lidos, tendo com conta um outro estudo, realizado em 2021 para a Fundação Calouste Gulbenkian, que dava conta de 61% dos portugueses não lerem livros.

Para o presidente da APEL, “não é assim tão absurdo” estas duas ideias não serem contraditórias, uma vez que muitos dos livros são comprados na época do Natal e são para oferecer.

Voltando ao estudo agora conhecido, 53% dos livros comprados em 2022 eram para oferecer e 82% dos livros foram comprados para consumo próprio, acrescentou o presidente da APEL. Em 2019, por exemplo, 67% das compras foram feitas entre setembro e dezembro, ou seja, “na época de Natal”, acrescentou.

As zonas onde mais se nota uma diminuição de compra de livros é a região do grande Porto, no litoral e no interior, lembrou Pedro Sobral, sublinhando que a compra de livros não leva obrigatoriamente a maiores hábitos de leitura.

Já há data para a Feira do Livro 2024, e pode vir a ser maior

A próxima edição da Feira do Livro de Lisboa vai realizar-se de 29 de maio a 16 de junho de 2024, no Parque Eduardo VII, revelou o presidente da APEL, entidade que organiza a feira. O evento, afirmou, “desempenha um papel crucial em inspirar o gosto pela leitura, especialmente entre os mais jovens”.

“Através da celebração da literatura, criamos oportunidades para que as novas gerações se apaixonem pelas histórias, desenvolvam a imaginação e construam um futuro mais rico culturalmente”, acrescentou Pedro Sobral, citado em comunicado.

Este ano, num balanço feito à agência Lusa, em junho, foi expresso o desejo de alargar o perímetro da feira em 2024, para responder ao pedido dos associados de mais pavilhões.

“Estamos a estudar com a Câmara Municipal de Lisboa esse crescimento que poderá ir até mais vinte ou trinta pavilhões”, disse Pedro Sobral, na altura.

com Lusa