Preço da roupa vai subir em 2024. Saiba quanto!

Design sem nome
[Fotografia: Pexels/Pew Nguyen]

O objetivo é claro: aumento das vendas em todo o mundo. Porém, os preços também devem subir. O estudo internacional State of Fashion 2024, da Business of Fashion e elaborado pela consultora McKinsey, estima que mais de 2/3 dos executivos do setor admite aumentar em 5% ou mais os preços do vestuário no próximo ano. “A intenção líquida de aumentar os preços em todo o setor é de 50%, com 69% dos executivos a planearem aumentar os preços, em comparação com 58% há um ano”, refere Anita Balchandani em resposta à Delas.pt.

Para esta responsável da consultora que elabora a análise anual, “entre os executivos entrevistados, 44% espera aumentar os preços até 5%, enquanto 25% pondera aumentos de preços de mais de 5%. As empresas que conseguirem impulsionar o crescimento através de aumentos de preços provavelmente adotarão uma abordagem cuidadosamente adaptada”.

Num futuro cada vez mais incerto, e que espera que “o crescimento anual das vendas a retalho na indústria da moda não-luxo a abrandar para entre 2% a 4%” – com o segmento de luxo a registar o crescimento mais rápido entre 3% e 5% -, a Inteligência Artificial, os eventos climáticos extremos e a regulamentação pela sustentabilidade vão ser decisivos na sobrevivência do setor nos próximos meses.

Setor da roupa outdoor e desportiva vai crescer em 2024

Quanto a tendências e com o crescimento estimado no lifestyle e nas viagens, o estudo crê que, em 2024, “o volume global de viagens atinja até 110% dos níveis de 2019, tornando-se o primeiro ano a superar os níveis pré-pandémicos”, refere o comunicado, obrigando “as marcas a reformularem as suas estratégias de distribuição e outras para envolver os consumidores viajantes”.

Nesse sentido, a roupa de outdoor soma e segue: “O vestuário técnico para atividades ao ar livre registou um boom de popularidade que deverá continuar em 2024, com a expectativa de que mais marcas de roupa outdoor possam lançar coleções de lifestyle, enquanto as marcas de moda poderão expandir as ofertas de vestuário outdoor”, lê-se na mesma nota.

Insígnias vão apostar cada vez mais em vestuário técnico e outdoor

Num futuro cada vez mais incerto, como reporta o estudo internacional, os eventos climáticos extremos e a regulamentação pela sustentabilidade vão ser decisivos nos próximos meses. “Estima-se que 65 mil milhões de dólares [59 mil milhões de euros] de exportações de vestuário correm o risco de serem aniquilados por fenómenos climáticos, como inundações e calor extremo, até 2030”, aponta a análise.

 

Eventos climáticos extremos vão gerar perdas financeiras de quase 60 mil milhões de euros em exportações, em seis anos

Quanto às regulamentações apertadas, o State of Fashion detalha que 87% dos executivos de moda acredita que as novas regulações pela sustentabilidade podem impactar o negócio, mas apenas 12% as vê como oportunidade. Então, como justificar esta diferença?

“Tal deve-se altos custos e às restrições de recursos”, argumenta Felix Rolkens. Este responsável que integra a equipa do estudo explica à Delas.pt que “a implementação de medidas de sustentabilidade para cumprir os novos regulamentos leva a investimentos significativos em tecnologia – por exemplo, ferramentas de rastreabilidade até aos fornecedores mais distantes para cumprir os novos requisitos de relatórios – e infraestruturas – instalações de reciclagem, fornecimento responsável de materiais – que as marcas ainda têm de fazer”. Por isso, prossegue, “navegar e cumprir regulamentações em diversas jurisdições, cadeias de fornecimento e processos de fabricação é um desafio”.

Para Rolkens, é claro que “as futuras regulamentações de conceção ecológica da União Europeia, por exemplo, poderão alterar fundamentalmente as abordagens dos designers, exigindo uma colaboração mais estreita entre as equipas de conceção e fornecimento, as equipas de fornecimento e os fabricantes a montante, quebrando os circuitos da indústria tradicional”.

Inteligência Artificial (IA) e o “cansaço das influencers”

“Aproximadamente 25% do valor potencial da IA generativa pode ser alavancado pela sua utilização no design e desenvolvimento de produtos”,estima o estudo, que reporta um 2023 “de ascensão, impulsionado por 14,1 mil milhões de dólares em financiamento para startups focadas em IA apenas no primeiro semestre do ano”.

A aposta nas celebridades de influência, pelas redes sociais, pode mesmo mudar em 2024, com os consumidores a “mostrar sinais de ‘cansaço dos influenciadores’”. “Os dados indicam uma nova tendência para 2024, em que as pessoas interagem menos com os influenciadores que promovem um estilo de vida polido e aspiracional e se aproximam daqueles que consideram autênticos e divertidos. Os inquiridos elogiaram características como a empatia (43%) e a autenticidade (40%) em detrimento do estatuto de celebridade (15%) e dos conhecimentos de moda (23%). Em resposta a estas preferências, as marcas estão a procurar diversificar o tipo de talento com que estabelecem parcerias”, lê-se no estudo.

Seguidores vão preferir influenciadoras mais autênticas e divertidas e menos as que promovem um estilo de vida polido e aspiracional

Se em 2023, o marketing de influência “vale atualmente 21,1 mil milhões de dólares”, ele continuará a ser uma forma fundamental de as marcas se ligarem aos compradores. “O relatório revela que 68% dos consumidores inquiridos estão insatisfeitos com a quantidade de conteúdos patrocinados nas plataformas sociais e 65% confiam menos nos influenciadores do que nos anos anteriores”, diz a análise.